No Peru, existem cerca de 6 mil comunidades rurais, sendo a maioria delas na serra, e mais de mil comunidades indígenas na selva que, em conjunto, representam entre 3 e 4 milhões de pessoas. Essas comunidades são a principal instituição da sociedade rural peruana e são protegidas por um regime especial desde a Constituição de 1920, em que foram instituídos os princípios de imbargabilidade (não pode ser apreendida), inalienabilidade (não pode ser vendida) e imprescritibilidade (a terra não poderia ser declarada abandonada). Ocorre que grupos de grileiros invadem áreas desse território sem a aprovação da assembleia geral de aldeões para se apropriarem de suas terras.
No dia 9 de novembro, C. Hannon Juarez, presidente da comunidade rural “San Francisco”, localizada no distrito de Salas-Lambayeque, no norte do Peru, foi covardemente atacado por um grupo de bandidos contratados por especuladores de terra que querem se apossar de 1.700 hectares pertencentes à comunidade rural. O motivo é que a comunidade presidida por Juarez entrou com uma ação na Justiça, tendo obtido decisão favorável à posse da área em favor dos aldeões. A execução da sentença deveria ter ocorrido no dia 13 de novembro, mas foi adiada.
Como parte das manobras para amedrontar os verdadeiros donos da terra, tentando fazê-los desistir de lutar pelos seus direitos, agrediram Juarez fisicamente com barras de ferro, golpeando-o na cabeça e em várias partes do corpo, resultando, inclusive, em uma fratura na perna.
A Confederação Camponesa do Peru “Justiniano Minaya Sosa”, entidade representativa das comunidades rurais peruanas, exige que seja fixada a data e que seja garantido todo o aparato necessário para a devolução da posse da terra aos seus verdadeiros donos, e ainda a investigação e punição dos responsáveis por esse ato criminoso e covarde contra o companheiro C. Hannon Juarez.
Da Redação