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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

A teoria do amor livre

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A humanidade se transformou durante os séculos e, junto com ela, transformaram-se também as relações entre as pessoas. Esta transformação está intimamente relacionada à evolução do modo de produção, conforme nos ensina a concepção materialista da história. Também faz parte desse desenvolvimento a estruturação da família. Foi isto que nos ensinou Engels, em seu livro A origem da família, da propriedade privada e do Estado, publicado em 1884.

Baseado nisso surgiu uma teoria que recentemente tem ganhado cada vez mais espaço entre a juventude: o amor livre. “Amor livre é uma proposta revolucionária que questiona os modelos disponíveis de amor construídos socialmente e historicamente, possibilitando que todos e todas possam criar novas formas de se relacionar, visando interações não-hierárquicas e de cooperação mútua – na contramão dos valores capitalistas de possessividade e exclusividade” (fonte: blog Café Feminista1). Mas, será esta teoria realmente revolucionária?

Em primeiro lugar, é importante percebermos que esta teoria nada tem de novo. No artigo de Clara Zetkin “Assim foi Lênin” (Notas do meu diário, Moscou 1934), esta teoria já aparecia: “Lembrai-vos, creio eu, que ela tinha sido ‘pregada’ em literatura em meados do século passado como ‘a emancipação do coração’”, disse Lênin em conversa com Clara. Em 1934 esta teoria era chamada de “amor libertado”. Logo, a remodelação da teoria através do tempo confere a ela novas denominações, porém com a mesma defesa de liberdade sexual.

Vale lembrar que é verdade quando se diz que a estruturação da família e o casamento foram construídos socialmente. Da poliandria e poligamia2 presentes nos tempos de barbárie até a monogamia advinda com a civilização, a estrutura da família esteve ligada ao modo de produção. A própria monogamia surgiu com a necessidade de se garantir a transmissão da herança de pai para filho, permitindo que o capital não saísse da família, e, exatamente por isso, até os dias atuais é caracterizada como monogamia para as mulheres e não para os homens. Porém, como concluiu Engels em seu livro, “cada progresso é simultaneamente um retrocesso relativo”. Logo, não se pode deixar de reconhecer que a prevalência da família monogâmica foi um avanço social, apesar de sua ligação íntima com o nascimento da propriedade privada.

Então resta a pergunta: se a monogamia surgiu junto com a propriedade privada, acabará também junto com ela? O próprio Engels responde: “Longe de desaparecer, antes há de se realizar plenamente a partir desse momento (…) a monogamia chega enfim a ser uma realidade – também para os homens”. E conclui: “quando chegarem a desaparecer as considerações econômicas (…) a igualdade alcançada pela mulher, a julgar por toda a nossa experiência anterior, influirá muito mais no sentido de tornar os homens monógamos do que no de tornar as mulheres poliandras”.

Para Lênin, ao invés de revolucionária e comunista, essa teoria representa os interesses da burguesia. “Parece-me que essa abundância de teorias sexuais, que na maioria são apenas hipóteses arbitrárias, provém de necessidades pessoais, isto é, do desejo de justificar aos olhos da moral burguesa uma vida anormal ou os instintos sexuais excessivos, e de fazer com que estes sejam tolerados. Este respeito à moral burguesa me repugna tanto como essa paixão pelas questões sexuais. Ela reveste formas subversivas e revolucionárias e no fim das contas é puramente burguesa. Anda de preferência em intelectuais e outras camadas da sociedade próximas deles. Mas nada de dar lugar a este gênero de ocupação no Partido, entre o proletariado que luta, consciente de seu espírito de classe” (Notas do meu diário, Moscou 1934).

Esta tão propalada liberdade sexual, que se apresenta como a libertação total da mulher, nada mais é do que a expressão plena do individualismo: satisfaço minhas necessidades sexuais com quem eu quiser e da forma como preferir. Nada além de ideologia pequeno-burguesa. Vale destacar também que este tipo de obsessão pelas questões sexuais não são saudáveis e este tema não deve tomar o tempo de nossa juventude: “há questões mais importantes para nos preocuparmos” V.I.Lênin.

A verdadeira liberdade no amor

Para Lênin, assim como para Engels, a verdadeira liberdade no amor, o real caráter comunista do amor livre é bem diferente do atualmente pregado pela juventude. A ausência do caráter econômico no relacionamento não traz consigo a poliandria, mas aprofunda a monogamia à medida que faz surgir o amor individual.

É agora que intervém um elemento novo, um elemento que existia no máximo em embrião, quando nasceu a monogamia: o amor sexual individual (…) Nosso amor sexual difere essencialmente do simples desejo sexual, do Eros dos antigos” (A origem da família, da propriedade privada e do Estado, Engels). Logo, para Engels a real liberdade no amor se explica pelos casamentos baseados no amor sexual individual e não nos interesses econômicos que temos ainda hoje.

A luta ela emancipação da mulher é, antes de tudo, uma luta de classes

Logo, como vimos, a real emancipação da mulher passa bem longe da luta puramente sexual: surgida com o surgimento da propriedade privada (que trouxe também a divisão da sociedade em classes), a inferiorização da mulher só se acabará quando esta também desaparecer. Por isso, devemos dedicar nossas energias na luta pelo fim da propriedade privada dos meios de produção e pela construção de uma sociedade mais justa e fraterna: a sociedade socialista. Só assim atingiremos a verdadeira igualdade entre os gêneros.

Notas:

1. https://cafefeminista.wordress.com

2. Poliandria é a união de uma mulher simultaneamente com vários homens; Poligamia é a união de um homem simultaneamente com várias mulheres.

Ludmila Outtes, Recife

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3 COMENTÁRIOS

  1. Não sei onde começa a cabeça ou onde termina o pé deste artigo. Papo confuso, sem sentido, sem lógica alguma. Parece (digo “parece”) desculpa de solteirona encalhada.

  2. Colocar a culpa na vida sexual da autora do texto porque não gostou do mesmo mostra bem a capacidade de julgar como “papo confuso, sem sentido e sem lógica alguma” que você tem. O famoso e famigerado ego machucado de macho.

  3. As críticas aqui nos comentários revelam mais ainda o individualismo pequeno-burguês que se constitui nos movimentos de “libertação” feminina atuais. O artigo em nenhum momento defende a ideia arcaica da moral cristã, muito pelo contrário, é uma síntese da tese cristã de moral e da antítese capitalista. Tentar atribuir algum caráter sexual ao argumento de Lênin ou Clara mostra o limite do pensamento feminista liberal. Alexandra Kollontai foi uma grande marxista, porém, uma crítica embasada no materialismo histórico e na dialética valem muito mais do que falar em “ego de macho ferido” ou “solteirona”.

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