O resultado da licitação para contratação do serviço de coleta de lixo do Recife, recentemente publicado no Diário Oficial, não revelou nenhuma surpresa em relação às empresas vencedoras. A Vital Engenharia Ambiental, atual prestadora do serviço para a maior parte da cidade, vai receber R$ 730 milhões para coletar 75% do lixo da capital. O lote menor, que corresponde aos outros 25% da coleta, foi vencido pela mesma empresa que hoje já fornece o serviço ao município, a Cael Engenharia que, pelo contrato, vai receber R$ 250 milhões.
Porém o que mais chamou a atenção, além do fato dos salários dos garis continuarem baixos, é que o contrato total atingiu a cifra de quase R$ 1 bilhão de reais. E como podemos ver, em plena crise, os patrões tem um aumento espetacular de suas fortunas, enquanto vemos o nosso salário mínimo sendo engolido pela inflação.
Como fica claro, todo esse enriquecimento dos patrões da limpeza urbana só é possível graças à super exploração dos trabalhadores. Nós, “especiais trabalhadores” por transformarmos lixo em dinheiro, trabalhamos 10 e até 12 horas por dia recolhendo dezenas de toneladas de lixo, ficamos com apenas R$ 723,00. Como se não bastasse, os patrões querem lucrar ainda mais, corrompendo a justiça e faturando com o não pagamento dos 40% de insalubridade para a categoria, do banco de horas, além de nos submeterem a um constante assédio moral para cumprimento de horas extras e aumento da produtividade, à falta de EPI, etc.
Esse verdadeiro crime só é permitido porque vivemos no capitalismo, sistema social e político baseado na exploração do homem pelo homem que transforma tudo em sua imagem e semelhança; onde só o que interessa é o lucro e o bem estar dos patrões. Só uma revolução socialista que ponha fim a propriedade privada resolverá todos esses problemas, que são características naturais do capitalismo.
Jailson Davi, Movimento Luta de Classes.