Dizem as ‘más línguas’ de alguns que vivemos numa Democracia. É de ser perguntar: aqui no Brasil? Desde quando? Se isso é democracia, é preciso mudar o termo. Aquele (pelo menos o conceito) surgido há quase 3 mil anos na Grécia significava outra coisa: Demo – Povo; Cracia – Governo. Na verdade, o Estado brasileiro não passa de uma estrutura a serviço dos grandes empresários da cidade e do campo. São meia dúzia de magnatas que se apropriaram de todo o poder publico, das forças armadas e instituições jurídicas. O povo, particularmente os trabalhadores, são verdadeiros coadjuvantes nesse sistema político.
O fato mais inconteste é o golpe ocorrido contra a presidenta Dilma Roussef e, ainda mais agora, nessa verdadeira avalanche direitista do ‘desgoverno temista’. Nunca estivemos realmente no poder. Parece até que perdemos (alguém de bom coração poderia pensar). É verdade, nunca estivemos. Nos últimos 13 anos o PT justificou suas alianças com os mais corruptos com o propósito de mudar a vida da sofrida população brasileira. E não fizeram isso inocentemente! Foram conscientes MESMO! Tanto é que uma boa parte (não todos) mudaram radicalmente de vida, passaram dos apertos do fim do mês às regalias da ‘high society’.
Ao mesmo tempo, é também inegável que muitas conquistas sociais ocorreram. A renda melhorou, o acesso a serviços públicos se ampliou e o Brasil saiu do MAPA DA FOME. Essa é uma das maiores conquista! Daí deduz-se: PARA TERMOS DIREITOS JUSTOS PARA O POVO É NECESSÁRIO FECHAR ALIANÇAS ESPÚRIAS E SE CALAR DIANTE DA CORRUPÇÃO ENDEMICA? É JUSTIFICÁVEL QUE PRA TERMOS UMA VIDA MELHOR NO BRASIL É OBRIGATÓRIO AJUDAR MEIA DÚZIA DE EMPRESÁRIOS A ENRIQUECEREM ATRAVÉS DE CONTRATOS COM O ESTADO?
Ah…me lembro, era a tal TEORIA da governabilidade.
Óbvio que aí está a primeira armadilha: como não temos uma verdadeira democracia, ou nos acostumamos com ela, ou a modificamos por inteiro. Não é preciso admitir a corrupção para melhorar a vida e termos mais programas sociais. Pelo contrário, a falta desses programas se dá exatamente pela ausência de participação política dos mais pobres. O PT, ao chegar ao poder, foi o primeiro, desde João Goulart que levou parcelas dos representantes dos mais humildes ao governo. Ao invés de lutarem para expulsar os corruptos e aqueles que historicamente governaram, se contentaram em mantê-los para não desagradar a elite retrograda que realmente detém o poder no Brasil.
A segunda reflexão é a seguinte: OU TEMOS CORAGEM E FORÇA PARA MUDAR RADICALMENTE ESSE CORRUPTO ESTADO BRASILEIRO OU ELES AVANÇAM AINDA MAIS FORTES CONTRA OS DIREITOS DOS TRABALHADORES. É bom lembrar que até a economia capitalista brasileira estar crescendo e robustecendo os cofres estatais, tudo ia as ‘mil maravilhas’. No entanto, tinha uma pedra no meio do caminho, a CRISE. E não tenhamos dúvida: o sistema assalariado tem mais de 2 séculos e as crises são absolutamente comuns. Para um ciclo de bonança, outro de recessão. Os economistas a serviço dos burgueses viram isso muito bem, pois calcularam detalhadamente a relação entre a renda e rentabilidade do capital, ou, em outras palavras entre salário e lucro. Os capitalistas pisaram no freio. Como eles dominam o Estado por dominarem a economia, Voilá! Veio a recessão e com ela a ingovernabilidade.
A terceira reflexão é a seguinte: ESSA ELITE REACIONÁRIA E SEUS REPRESENTANTES DEVEM SER DERROTADOS. É IMPORTANTE BARRAR ESSE GOLPE E O SR MICHEL TEMER NÃO ASSUMIR EM DEFINITIVO A PRESIDÊNCIA. Isso, não pelo PT, Lula ou DILMA, mas exatamente pra provar que eles estavam redondamente enganados com sua pretensa estratégia. Para mostrar que a classe trabalhadora é forte suficiente para impor seus interesses; é capaz o suficiente para dirigir a economia; é a classe mais preparada para governar o país.
Somente os próprios trabalhadores são capazes de impedir quaisquer retrocessos. Também eles são os únicos capazes de levar a transformação total ao nosso país. De uma DEMOCRACIA subjugada aos capitalistas, falsa e hipócrita, para uma DEMOCRACIA PROLETÁRIA, PLENA E SOCIALISTA. Somente aos trabalhadores pode ser depositada essa esperança de um mundo novo, pois estão do lado oposto dos interesses das elites empresariais, pois são seus inimigos, e o conhecem muito bem.
Fica então a lição, viva e atual nas palavras do estrategista e filosofo chinês SUN TUZ: “Conheça o seu inimigo como a si mesmo e não precisa temer o resultado de cem batalhas”.
Serley Leal, Fortaleza-CE