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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Movimento de Mulheres Olga Benario realiza 1º Encontro de Núcleos

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EMOB 3Após cinco anos de existência e de muitas lutas, o Movimento de Mulheres Olga Benario dá provas de seu amadurecimento com a realização do seu 1º Encontro de Núcleos. A vontade de transformar a realidade foi o espírito das 80 mulheres que participaram do evento, no último dia 24 de julho, em Recife. Elas debateram a conjuntura nacional pela manhã e, à tarde, realizaram o debate sobre a construção e o fortalecimento dos núcleos do Olga em Pernambuco.

Estavam representados no encontro companheiras de vários bairros de Recife, além dos Municípios de Olinda, Paulista, Jaboatão, Moreno, Caruaru, Garanhuns, Afogados da Ingazeira, Serra Talhada e Petrolina, e ainda com a presença de Dona Rita, importante membro do trabalho do MLB que está atualmente residindo em Juazeiro da Bahia.

A diversidade de mulheres com a mesma convicção da necessidade de organização e luta deu a tônica do encontro. Eram estudantes, donas de casa, trabalhadoras, desempregadas, jovens e idosas com interesse central na transformação da vida das mulheres.

O evento contou ainda com a presença de Indira Xavier, representando a Coordenação Nacional do Movimento Olga Benário e de uma delegação de companheiras da Paraíba, tendo à frente a companheira Aline Leite. Destaque para a presença de representante do Grupo Mulher Maravilha, uma ONG que atua há 40 anos entre as mulheres do Bairro de Nova Descoberta, Casa Amarela, Recife.

Amadurecimento do Movimento

Tem sido uma batalha a consolidação do Olga Benário como Movimento Nacional, de afirmação de uma identidade político-ideológica, que se concretizou com a vitoriosa Ocupação Tina Martins e a construção da Casa de Referência da Mulher, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Mas, para cumprir nosso real papel frente ao conjunto das mulheres brasileiras, temos uma grande caminhada pela frente.

O fundamental neste momento é nosso enraizamento, a construção de nossas bases, de elos com a vida das mulheres, onde elas vivem, trabalham e estudam. É fazer o debate de nossa opressão e fazer com que cada vez uma maior parcela de mulheres possa identificar o quanto esta sociedade capitalista, machista, homofóbica e racista está no centro de nosso sofrimento, o quanto interessa para a manutenção desse sistema que permaneçamos caladas, submissas, alienadas, desunidas e inertes. Quanto interessa aos que dominam e exploram nosso povo, desde o início das sociedades de classes, impedir que a massa de mulheres se levante, que queiram transformar suas vidas e, para isso, eles utilizam um imenso arsenal de instrumentos estruturais, legais, políticos, econômicos e ideológicos para manter seus privilégios.

O que podemos identificar é que esta conjuntura em que vivemos está favorável. A primavera feminista foi prova disso. As mulheres se mobilizaram nacionalmente e protagonizaram ações massivas em resposta à vontade de setores conservadores e reacionários de tolher as liberdades individuais conquistadas e de manter o domínio machista sobre o corpo das mulheres.

Quando começamos a pensar em construir o encontro para fortalecer os incipientes núcleos que começávamos a organizar em bairros populares, escolas, universidades, na Região Metropolitana de Recife e em algumas cidades do interior do Estado, pensávamos em mobilizar 50 mulheres, mas a realidade mostrou que estávamos subestimando a vontade destas em se organizar. Na verdade, pelo menos 120 quiseram participar e, se fizéssemos chegar mais longe nosso convite, poderíamos chegar a muito mais mulheres, já que essa nova consciência tem se forjado, e que esse movimento tem tido uma repercussão muito grande na vida das mulheres. Esse processo deixa claro que o Olga Benário não pode ser um movimento de eventos, ou ocasional, mas que precisa ter uma vida cotidiana.

Este processo de construção do Encontro de Núcleos também mostrou ser uma necessidade das mulheres deste país para sair de seu isolamento, de seus lamentos junto a seus botões, de esconder as violências, os assédios, a baixa autoestima, as discriminações, as desigualdades, as injustiças e começar a transformar suas vidas e a necessidade de se fortalecer coletivamente junto com outras mulheres que têm o mesmo quadro de vivência. Temos identificado que o papel do Olga neste momento é fortalecer essas mulheres, fazê-las identificar que as raízes do seu sofrimento estão na divisão da sociedade de classes, e que é necessário transformar seus lamentos em hasteamentos de bandeiras, em lutas anticapitalistas, em transformações de suas vidas e da sociedade em que vivemos.

Guita Kozmhinsky é da Coordenação do Movimento Olga Benario

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