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domingo, 3 de novembro de 2024

Casa Tina Martins, conquista das mulheres que lutam!

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CASA TINA MARTINSOitenta e sete dias de lutas constantes, suor, choro, sorrisos, política, tensões e muita esperança na luta. A Ocupação Tina Martins, realizada pelo Movimento de Mulheres Olga Benário e pelo MLB, nasceu no dia 8 de março de 2016 e vem modificando, cada dia mais, o cenário de luta das mulheres em Belo Horizonte (MG).

A ocupação, que nasceu das reivindicações por mais creches, mais delegacias especializadas em mulheres que funcionem 24 horas e por mais casas-abrigo para mulheres vítimas de violência, passou por um longo processo de negociação com a Superintendência de Patrimônio da União e o Governo Estadual. O prédio, que era utilizado pela Faculdade de Engenharia da UFMG, localizado na Rua Guaicurus, ponto de intensa prostituição do Baixo Centro da Capital mineira, logo foi perdendo os entulhos e recuperando um brilho que sacudiu a cidade. Mulheres de todos os lugares abraçaram a causa e a pauta da casa-abrigo estava na boca de diversas pessoas.

A negociação foi intensa e cansativa, mas o peso da luta das mulheres se refletiu numa conquista de impacto nacional. Com a mudança de local, mas ainda em um ponto muito acessível, a Ocupação Tina Martins passou a ser Casa de Referência da Mulher Tina Martins e mudou-se para a Rua Paraíba, número 641.

Contudo, apesar da grande conquista arrancada frente ao Estado burguês, é necessário manter os pés no chão. O processo de conquista de um espaço não abranda o fogo da luta. Ao contrário, o intensifica. Mais que nunca, o Estado nos cobra o que ele nem mesmo faz, nos vigia e procura boicotar a Casa. O fortalecimento dos espaços políticos é extremamente necessário e seguir nas ruas reivindicando e combatendo as políticas fascistas desse governo fruto de um golpe institucional é fundamental para que as mulheres sigam conquistando mais e mais em busca de sua real emancipação.

Precisamos reconhecer o quanto o Olga Benário avançou na luta com a ocupação, estamos falando, afinal, da primeira ocupação feminista da América Latina para reivindicar com tanto peso o que as mulheres trabalhadoras de fato necessitam. Não podemos jamais nos contentar com a conquista da casa. Temos que avançar na organização e na luta. A cada 15 segundos, uma mulher é agredida e, a cada 90 minutos, uma mulher é assassinada. Falamos de 50 mil estupros que são denunciados por ano. Não poderemos pensar, nem por um segundo, em cair no erro de que a conquista da Casa Tina Martins e das próximas casas vindouras serão o suficiente para acabar com essa violência institucionalizada, que é estrutural do sistema capitalista.

Portanto, usaremos essas experiências para avançar ainda mais. A violência contra a mulher não se encerrará se atacarmos apenas os efeitos dos fenômenos, mas se golpearmos a fundo as raízes dessa sociedade patriarcal, racista e capitalista. Assim, companheiras, para as lutas que virão, precisamos estar bem firmes em nossa ideologia. A nossa real intenção com as lutas de pautas imediatas e urgentes é desgastar a burguesia e trazer mais mulheres para a luta, com a perspectiva de mudar suas vidas, tendo consciência de que apenas será possível libertar as mulheres e toda a humanidade com a quebra dessas estruturas e a formação de uma nova sociedade, a sociedade socialista.

Juliana Paradela, Movimento de Mulheres Olga Benário

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