NOTA DA UNIDADE POPULAR PELO SOCIALISMO (UP)
Neste 31 de agosto, concretiza-se mais um golpe político na história do Brasil. Diante da crise do capitalismo que atinge em cheio o país, a burguesia brasileira, associada e subalterna ao capital internacional, em parceria com os grandes meios de comunicação e o poder judiciário, não mediu esforços para tirar Dilma Rousseff do poder e estabelecer no seu lugar um governo “puro sangue”, capaz de, neste momento de instabilidade econômica, implementar um conjunto de medidas violentas contra a classe trabalhadora, visando a garantir os lucros dos capitalistas e a jogar sobre o povo os efeitos da crise.
De fato, com o golpe que hoje se consolida, a burguesia e seus partidos terão um caminho pavimentado para destruir as leis trabalhistas, acabar com todas as conquistas sociais, privatizar todas as nossas riquezas naturais, especialmente o pré-sal, congelar os salários, desmontar o serviço público, privatizar, como disse o próprio Michel Temer, “tudo que for possível”, estabelecer uma política de Estado mínimo, a submissão ao imperialismo estadunidense e impor uma brutal repressão para impedir a resistência popular.
É bem verdade que parte dessas medidas já vinham sendo adotadas gradualmente pelo PT durante os governos Lula e Dilma. Cabe lembrar a composição ministerial dos governos petistas, nos quais muitos que hoje integram o ministério do governo ilegítimo e golpista integraram, em algum momento, governos petistas.
A burguesia, especialmente os bancos e os latifundiários, ganharam muito dinheiro durante o breve período de estabilidade econômica no Brasil, porém, com o agravamento da crise, o PT se tornou carta fora do baralho, já não era um partido capaz de conter a radicalização da luta de classes, tampouco, pelas suas próprias contradições, tinha condições de implementar o programa que agora é imposto ao país na velocidade que a burguesia desejava. Assim, a burguesia tratou de descartar o PT, após desmoralizá-lo, é claro, enlameando-o no mar da corrupção.
Todo esse processo demonstra que não se pode atender a dois senhores. Não se pode governar para os ricos e para os pobres, para a burguesia e para os trabalhadores. A política de conciliação de classes adotada por PT e PCdoB culminou com a derrota de toda a classe trabalhadora. De nada adiantou o lulo-petismo atender aos interesses do capital em nome de uma suposta governabilidade. É de se perguntar:
Diante de tanta concessão, quem, de fato, governava?
O golpe também demonstra a farsa que é a democracia burguesia. 54 milhões de votos foram jogados no lixo, o que deixa claro que o “Estado Democrático de Direito” não tem nada de democrático, é um instrumento a serviço das classes dominantes. Não temos nem devemos ter e manter, qualquer ilusão, por menor que seja, na democracia da burguesia.
Apesar dos retrocessos que estão em curso, nada há o que temer. Devemos nos basear na historia de luta e resistência de nosso povo, que enfrentou e venceu a escravidão, que combateu e derrotou a Ditadura Militar. A tarefa que se coloca de maneira imediata é unir a classe trabalhadora e os lutadores do povo em torno de um programa capaz de enfrentar o capital e transformar o Brasil em direção ao socialismo.
Está na ordem do dia a defesa da nacionalização dos bancos, a reforma agrária e urbana, a democratização dos meios de comunicação, o fim do pagamento da dívida pública, a luta pela soberania econômica e a punição dos assassinos e torturadores da Ditadura Militar. Esse programa deve ser defendido nas ruas, nas fábricas, nas escolas e universidades, na cidade e no campo, nas manifestações, nas greves e lutas do nosso povo por direitos, casa e terra.
Lembremos que esta derrota não é da esquerda, mas a derrota da política de conciliação de classes. Por isso, a classe trabalhadora carece de sua organização para enfrentar o poder político da burguesia, assim, a construção da Unidade Popular é uma necessidade histórica do nosso povo.
O desenvolvimento de todas estas lutas irá temperar a fibra revolucionária de milhões de brasileiros para construção, de forma sólida, firme e determinada, do socialismo em nosso país.
Nenhum minuto de paz para Temer!
Pelo Poder Popular e o Socialismo!
Venceremos!!!
Executiva Nacional da UP