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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Tempo de levantar solidariedade internacional das mulheres pela liberdade de imprensa!

ekmek-ve-gul-mucadelemiz-157-yasinda6bda292d7f78a47550f4Como é do conhecimento de todos, houve um golpe fracassado na Turquia, no dia 15 de julho de 2016. Logo após a tentativa de golpe, o presidente Recep Tayyip Erdoğan, declarou estado de emergência por três meses. O estado de emergência fornece ao gabinete um poder de promulgar decretos com força de lei. O primeiro-ministro, Binali Yıldırım afirmou que estes decretos de emergência só iriam afetar os conspiradores do golpe e nenhum outro partido seria afetado de forma antidemocrática.

Apesar disso, nos últimos dois meses, dezenas de milhares de funcionários públicos foram demitidos de seus trabalhos, incluindo acadêmicos que haviam assinado uma declaração de paz. Autores que lutam por paz e democracia foram detidos e presos. Interventores estão sendo nomeados para municipalidades, especialmente em regiões curdas, onde, nos últimos meses, centenas de mulheres e crianças foram queimadas até a morte no porão de suas casas pelas forças de segurança do Estado. Adicionalmente, abusando do poder de situação de emergência, o governo promulgou uma série de regulamentos que minam o sistema de segurança social, visando a atacar os direitos dos trabalhadores, a pensão e o pagamento de indenização.

Entre tudo isso, a repressão sobre a imprensa e mídia merece uma atenção particular. O governo fechou dezenas de canais de televisão, jornais, rádios, agências de notícias e editoras. Cerca de 200 jornalistas estão confrontados com detenção, enquanto 107 foram presos; 2.308 jornalistas estão agora desempregados devido ao fechamento das instituições de mídia; 660 cartões de imprensa foram destruídos desde 15 de julho. Os jornalistas devem obter permissão da Direcção-Geral de Imprensa e Informação, quando eles querem ir para o exterior. Edifícios de meios de comunicação pró-curdos foram invadidos pelas forças policiais e seus funcionários foram brutalmente detidos. Repórteres de nosso jornal irmão Evrensel foram detidos, tiveram negado o direito de ver seus advogados e foram torturados durante a detenção. Tudo isso aconteceu sem processos legais transparentes, sem que se demonstrasse qualquer evidência confiável mas somente com alegadas acusações de “ter relação com os conspiradores e organizações terroristas”.

Nosso canal Hayatın Sesi TV também tem sido sujeito a esse tipo de repressão. Já compartilhamos com o público que o governo tem colocado pressão sobre o nosso canal através de multas e advertências administrativas dadas pela Rádio e Televisão Conselho Supremo (RTUK). As quatro multas e quatro advertências que recebemos, nos últimos três meses, foram seguidas de um black-out total. Finalmente, em 28 de setembro de 2016, nossa transmissão foi cortada, sem qualquer aviso prévio, sem qualquer advertência por escrito ou verbal, juntamente com outros 11 canais de TV e rádios. Nós só fomos informados verbalmente e não oficialmente pela empresa de radiodifusão por satélite que disse que eles pararam nossa transmissão (na linha) com as instruções dadas por um decreto governamental de emergência. Sem hesitar, mantivemos nossa transmissão on-line, dizendo que “NÓS NÃO VAMOS OBEDECER A UMA SÓ VOZ!” Em 30 de julho de 2016, a Autoridade de Informação e Tecnologias de Comunicação bloqueou o nosso acesso on-line, novamente sem qualquer aviso prévio. Eles simplesmente nos cortaram! Eles apenas cortam! Isso por si só mostra como o governo age de forma arbitrária.

Hayatın Sesi (Voz da Vida) foi fundada há 10 anos para aumentar a voz das trabalhadoras e dos oprimidos, com pequenas contribuições financeiras de centenas de milhares de trabalhadores. Seu lema era e ainda é “Canal para os milhões, e não os milionários!”. Nosso programa de mulheres, Ekmek ve Gül (Pão e Rosa) tem sido a voz das mulheres desde 2008. Como nós nomeamos o programa devido ao principal slogan da luta das mulheres de fevereiro de 1908, em New York, pelo sufrágio e também pelos direitos políticos e económicos e reconhecimento, nós não nos limitamos às demandas e lutas das mulheres contra a exploração e opressão na Turquia, mas fizemos o nosso melhor para construir a solidariedade internacional das mulheres.

A este respeito, Ekmek ve Gül também tem sido a voz das camponesas mexicanas na Turquia, bem como a rede de solidariedade secreta das mulheres afegãs sob a ditadura Taliban. É através da nossa tela que mulheres na Turquia aprenderam com as experiências das mulheres da Tunísia e do Egito durante os levantes de 2011 e posteriores. Nenhum outro “show” de mulheres em outros canais de TV entregou o microfone para as mulheres colombianas que esperam ter vencido a batalha pela paz depois de uma longa guerra civil que já dura meio século. Em Ekmek ve Gül, as trabalhadoras têxteis da Índia partilharam as suas diferentes experiências de organização com suas irmãs na Turquia enquanto que as trabalhadoras na Alemanha explicaram os efeitos do recente aumento da flexibilização das condições de trabalho, do trabalho de tempo parcial e dos mini-empregos. Como o movimento das mulheres da França respondeu à alteração na lei sobre a violência contra as mulheres só era visível e audível na Turquia através do nosso programa. Nós nunca tivemos contas bancárias enormes ou tecnologias gigantes. Nunca recebemos um tostão dos donos mundiais. Nem nunca tivemos “pessoas-chave” fazendo lobbie para os grandes poderes. Tudo o que tínhamos era, e ainda é, a solidariedade peculiar pela irmandade das mulheres, e a força que encontramos na história da luta das mulheres pela igualdade e emancipação. Isso sempre foi tudo que tínhamos e sempre foi suficiente!

Agora a escuridão está sobre nós. O governo está tentando silenciar “a voz da vida”. É também a voz das mulheres que eles querem silenciar. Chamamos nossas irmãs em todo o mundo para a solidariedade com Ekmek ve Gül. É hora de mostrar a força da solidariedade das mulheres!

A voz de vida não pode ser silenciada!
A voz das mulheres não pode ser silenciada!
Vida longa à solidariedade internacional das mulheres!

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