Irlan Barbosa Gonçalves, um jovem de 24 anos de idade, trabalhador rodoviário, foi mais uma vítima fatal deste sistema. Na noite da última quinta-feira (03/11), ao sair de um supermercado para chamar um táxi enquanto a esposa, Evilim Silva, pagava as compras, foi assassinado com vários tiros pelas costas. O motivo: estar segurando a bolsa da própria companheira.
Esta atrocidade ocorreu por volta das 21h, na rua Luiz Nobre, ao lado do estabelecimento. Evilim, ao esperar pelo marido na entrada do supermercado até o fechamento e não encontrá-lo, foi para casa, e lá, após o seu pai ligar para o celular dela, recebeu a notícia da morte do companheiro. O policial que atendeu disse: “trata-se de um suposto assaltante, e que a dona da bolsa e do telefone poderia comparecer ao local para o procedimento de recuperação dos bens.” Era a bolsa e os pertences da esposa de Irlan.
A descrição do rapaz assassinado era a mesma de Irlan, e muitos familiares foram ao local. Ao chegarem e explicarem o que havia ocorrido, a polícia logo proibiu todos de mexerem em qualquer coisa. Evilim disse que seu companheiro sempre segurava sua bolsa quando saíam, e não acreditava que tinham feito isso com ele. Alexandre Gusmão, amigo de Irlan, em uma rede social, denunciou o modo como o site DOL, pertencente à família Barbalho, tratou-o, colocando-o como “suspeito”, sem nem sequer conversar com nenhum familiar, e ainda chamando o assassino de “provável herói do povo”.
Segundo Raquel Brício, assessora de comunicação do SINTRAM – Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba, “não há outra explicação para o que ocorreu a não ser dizer que um crime dessa natureza só pode ser explicado por motivação preconceituosa.” O SINTRAM está dando apoio à família e cobrando das autoridades competentes justiça e punição a quem cometeu esse crime.
Irlan, ao lado de milhares de inocentes, entra para o quadro de vítimas da máxima policial: “atirar primeiro e perguntar depois”. Enquanto esse tipo de comportamento continuar, enquanto trabalhadores forem alvejados só por morarem na periferia ou por não contemplarem o modelo burguês de se vestir ou de falar, a intolerância e o racismo continuarão a ser alimentados pela impunidade.
Que, a partir deste caso, possamos lutar cada vez mais por justiça e dignidade, e que mais nenhum irmão trabalhador seja assassinado de nenhuma forma, muito menos covardemente, com tiros pelas costas, tal qual ocorreu com Irlan. A luta por uma nova sociedade é urgente e atual, pois só garantindo igualdade social de oportunidades, direitos e trabalho poderemos alcançar o fim da violência e dos assassinatos por causa da cor da pele ou da origem de classe.
Movimento Luta de Classes – Pará