Governo tenta se esconder de manifestações e até da imprensa
Centenas de manifestantes realizaram, na manhã desta terça-feira, 27 de dezembro, um ato contra a visita de Michel Temer ao Estado de Alagoas. A manifestação se concentrou na Praça Marcílio Dias, no bairro de Jaraguá, e caminhou até o Centro de Convenções Ruth Cardoso, onde Temer e seus ministros estiveram presentes para anunciar recursos para construção de cisternas no Agreste e Sertão do Estado.
Durante toda a manhã, o policiamento da região foi reforçado. Exército, Força Tática da PM e da Polícia Civil estiveram bloqueando o acesso ao evento. Boa parte da imprensa também foi barrada de ter acesso à cerimônia. Apenas convidados do Governo de Renan Filho e os asseclas do Governo Federal puderam se fazer presentes.
Do lado de fora, integrantes de partidos de esquerda, sindicalistas e representantes de movimentos sociais, populares e estudantis deram o grito de “Fora, Temer!” e exigiram o fim do ataque aos direitos dos trabalhadores e da juventude.
“O governo ilegítimo de Michel Temer ataca os serviços públicos, com a PEC 55, o direito à aposentadoria, com a reforma da previdência, e os direitos dos trabalhadores e do povo em geral para manter os lucros dos golpistas e dos banqueiros. Queremos o fim desses ataques e o fim desse governo”, afirmou o professor Magno Francisco, integrante da Unidade Popular pelo Socialismo (UP) e um dos organizadores da manifestação.
Para Jeamerson Santos, representante do Movimento Luta de Classes MLC), Temer governa para as elites com medo do povo. “Ele tentou se esconder, marcou a visita de última hora para um período de recesso de fim de ano, achando que poderia evitar protestos. Vã ilusão. Mesmo com menos de 24 horas de articulação, conseguimos construir uma unidade com vários movimentos e levar centenas de pessoas às ruas, mostrando que somos herdeiros de Zumbi e um povo de luta. Os protestos não vão parar de crescer enquanto esse governo continuar”, afirmou Santos.
Bloqueio da imprensa
Além de impedir o acesso do povo trabalhador e da juventude ao local do evento, o Governo Temer também impediu o acesso de 2/3 da imprensa ao local. Com uma série de requisitos absurdos para o credenciamento, boa parte da imprensa alagoana e até de renome nacional foram barradas.
Carlos Madeiro, correspondente do UOL em Alagoas, foi um dos que ficaram do lado de fora. Pelas redes sociais, publicou sua revolta: “Sou jornalista profissional há 15 anos. Tenho oito anos quase de UOL. Por lá cobri Copa do Mundo, incontáveis visitas de Lula e Dilma; cobri sessões no Senado e na Câmara. Hoje, pela primeira vez na vida, tive um credenciamento barrado”, afirmou o jornalista.
Tal postura do governo foi rechaçada por profissionais e pela entidade que representa a categoria. “O tratamento dado aos jornalistas mostra o caráter ilegítimo do gestor. Os critérios de credenciamento para cobertura de hoje são absurdos!”, afirmou, em nota, o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas, Flávio Peixoto.
Redação Alagoas