No último dia 20 de janeiro tomou posse o 45º presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump. O empresário ganhou as eleições presidenciais de 2016 ultrapassando o limite de 270 delegados necessários para ser o vencedor no Colégio Eleitoral, e ficou marcado por ter discursos agressivos contra imigrantes, religiosos muçulmanos e refugiados. Também gerou muito alarde em relação às assertivas machistas e preconceituosas em relação à comunidade negra.
Muito se duvidava do quanto de seu discurso seria colocado em prática. Porém, na data de sua posse Trump mostrou que não estava disposto a governar para todos os americanos, mas apenas para aqueles e aquelas que depositaram seu voto nele. O atual presidente dos Estados Unidos reforçou todo o temor que se tinha sobre sua linha nacionalista e de extrema direita.
Usando o jargão “fazer a América grande novamente”, seu discurso busca inverter a conduta imperialista dos Estados Unidos se colocando como vítima das atitudes de demais países. Em suas palavras, “devemos proteger nossas fronteiras das devastações dos outros países fazendo nossos produtos, roubando nossas empresas e destruindo nossos empregos. A proteção vai levar a grande prosperidade e força”.
O sentimento de revolta contra as declarações de Trump consome não só os Estados Unidos, mas todo o mundo. O que poucos acreditaram que poderia se consumar aconteceu: hoje paira sobre a primeira potência capitalista do mundo um presidente fascista.
Perante essa realidade, no dia seguinte da posse de Trump foi realizada na capital norte-americana a Marcha das Mulheres, possivelmente a maior já realizada perto da posse de um presidente estadunidense na história.
A manifestação buscou trazer uma mensagem de resistência aos direitos já adquiridos pelas mulheres ao longo dos anos e contra o fundamentalismo cristão propagado por Trump, que busca retrocessos na luta pela igualdade entre gêneros.
Essa caminhada tomou proporções maiores, pois atraiu manifestantes de centenas de cidades do país e até do exterior. Além de reunir não só as mulheres, mas todos os grupos atacados por Donald Trump em seus discursos de ódio.
O cenário atual da política americana se configura em ataques constantes às minorias. No dia 23 de dezembro foi assinado pelo presidente um decreto que impede o financiamento com recursos federais de ONGs estrangeiras que apoiam o direito das mulheres aos aborto, medida que foi instaurada pelo também republicano Ronald Reagan (1981-1989) e cancelada pelo ex-presidente Barack Obama (2009-2017).
Além disso, o governo Trump decidiu restringir o acesso de cidadãos de sete países de origem islâmica, medida suspensa pela juíza federal Ann Donnelly no dia 28 de janeiro, evitando deportações de refugiados e imigrantes que estão ou chegarão aos Estados Unidos e que tenham vistos válidos.
Podemos perceber a vanguarda feminina na luta contra os retrocessos impostos pelo atual presidente dos Estados Unidos da América. Nas palavras da advogada de direitos civis, ativista e muçulmana Zahra Billoo, “não vão nos intimidar e nem nos silenciar (…). Nossa América inclui a todos em nossa preciosa diversidade e exige que marchemos para nos proteger. Este é o momento de arregaçar as mangas, ter coragem e estar preparado para trabalhar”.
Camila Turano Figueiredo, militante da União da Juventude Rebelião (UJR) e diretoria do Centro Acadêmico de Direito Cândido de Oliveira, da UFRJ.