Ser mulher em um país capitalista e machista é ver sua própria vida em jogo todos os dias. Estima-se que no Brasil ocorram cinco espancamentos a cada dois minutos; um estupro a cada 11 minutos; um femicídio a cada 90 minutos; 179 relatos de agressões por dia; e 43 mil mulheres assassinadas em 10 anos, sendo 41% na sua própria casa. O país ocupa a quinta posição em assassinatos de mulheres no mundo, num ranking com 83 países. São 13 homicídios femininos por dia, uma mulher morta a cada 1 hora e 50 minutos. E o feminicídio de mulheres negras aumentou 54% na última década.
Esses são dados que comprovam como o patriarcado é cruel com as mulheres. Mas, mesmo com essa realidade, nos últimos anos, tivemos uma ampla participação das mulheres de diversas idades, profissões, classes sociais e raças nos acontecimentos políticos e sociais do nosso país. Conseguimos derrubar o presidente corrupto da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é inimigo das mulheres, e agora lutamos para retirar do governo o presidente impostor Michel Temer, que ameaça de todas as maneiras retirar os direitos da classe trabalhadora.
O presidente golpista Michel Temer é representante dos banqueiros e dos capitalistas do governo. Prova disso foi a aprovação da “PEC da Morte”, que congelou em 20 anos o orçamento para saúde, educação e habitação; os cortes realizados na educação; as propostas de reforma da previdência e trabalhista, que estão em curso agora para votação e que vão piorar cada vez mais a vida das mulheres brasileiras.
A PEC da Reforma da Previdência inclui em sua proposta igualar o tempo de contribuição de homens e mulheres. Isso significa alterar regras que são válidas desde 1988 e estabelecem um aumento de cinco anos no tempo de contribuição e na idade para as mulheres se aposentarem, regras válidas tanto para trabalhadoras rurais como urbanas, servidoras públicas, professoras e celetistas.
Historicamente, as mulheres têm uma dupla jornada de trabalho (doméstico e emprego remunerado), ainda ocupando cargos e funções precárias, menor remuneração (30% menos do que os homens), maior rotatividade, entre outras desvantagens em relação aos homens. Neste sentido, a PEC claramente aumentará a exploração das mulheres trabalhadoras, impulsionando uma maior desigualdade social entre o povo brasileiro.
Vamos nos inspirar nas mulheres russas, que, em fevereiro de 1917, organizaram uma manifestação que deu o impulso inicial à primeira revolução socialista da história da humanidade. Este ano, comemoramos o centenário desta revolução vitoriosa, quando as mulheres da União Soviética acumularam conquistas em seus direitos, com uma legislação bem avançada: foi estabelecido o direito ao divórcio e ao aborto; a educação dos filhos, que antes era obrigação da família, passou a ser responsabilidade da sociedade; restaurantes, lavanderias e creches comunitárias deram às mulheres autonomia sobre suas próprias vidas.
Por isso, convocamos todas as mulheres a ocuparem as ruas neste dia 08 de março para derrubarmos o Governo Temer e lutarmos pelos nossos direitos. Vamos, juntas, fortalecer a luta feminista e a luta pelo socialismo. Lutaremos para acabar com o caduco sistema patriarcal – capitalista, e só assim acabaremos com a exploração e a opressão a que estamos submetidas cotidianamente. É necessário reafirmar sempre que a real luta feminista é parte da luta de todos os trabalhadores.
Seguimos em frente lutando pelo “bom, pelo justo e pelo melhor do mundo”, pela sociedade socialista.
Movimento de Mulheres Olga Benario