Milhões nas ruas contra Trump e o fascismo

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Tida como uma das maiores manifestações públicas de toda a história dos Estados Unidos, a chamada “Marcha das Mulheres” sacudiu as estruturas políticas do país, principalmente por ter acontecido um dia depois da posse do novo presidente, Donald Trump, em janeiro deste ano. No mesmo local em que Trump tomou posse, mais de 500 mil pessoas compareceram no dia seguinte para se opor às posições reacionárias dele a respeito das mulheres, dos imigrantes, dos negros, dos gays e pela igualdade.

Foi um dia marcado por discursos fortes e determinados, com muitos chamados ao povo para se rebelar, a refletir sobre sua verdadeira história e tudo que o novo presidente tenta apagar ou descaracterizar. A incansável lutadora e liderança negra e feminista, Angela Davis, que completou 77 anos dia 26 de janeiro, foi enfática em seu pronunciamento: “A liberdade e as lutas do povo negro que moldaram a natureza da história deste país não podem ser deletadas com o abanar de uma das mãos. Nós não podemos ser forçados a esquecer que as vidas negras importam. Este é um país ancorado na escravidão e no colonialismo, o que significa, para melhor ou pior, que a própria história dos EUA é uma história de imigração e escravização. Espalhar xenofobia, distribuir acusações de homicídio e de estrupo e construir muros não vai apagar nosso passado”, disse.

A atriz America Ferrera, 33 anos, demonstrou a mesma indignação que as demais ao dizer que “o presidente não é a América. Seu gabinete não é a América. O Congresso não é a América. Nós somos a América. E nós estamos aqui para ficar. Nós não deixaremos de ser a nação dos imigrantes para ser a nação da ignorância”.

Ventos de mudança

Foram mais de 500 cidades a se manifestar naquele dia, além de diversas outras em vários países do mundo. O movimento foi precedido por dois grandes confrontos de rua ocorridos nos Estados Unidos assim que o povo tomou conhecimento do resultado das urnas (diga-se de passagem, uma eleição muito estranha, em que o candidato vencedor tem três milhões de votos a menos que sua concorrente, mas ganha num tal de colégio eleitoral). Foram 217 pessoas presas e muitos feridos, mas que foram recompensados com mais de quatro milhões de americanos representando-os nas ruas do país.

A cantora, compositora e atriz Madonna deixou sua marca, aos 58 anos, ajudando a avançar a luta dos trabalhadores e do povo americano contra os seguidos governos imperialistas que promoveram o desemprego, as crises, as guerras que nunca terminam e, agora, um fascista, debochado e arrogante na presidência do país, podendo levar o mundo a um conflito sem precedentes: “Nos recusamos, como mulheres, a aceitar essa nova era de tirania, em que não só as mulheres estão em perigo, mas todas as pessoas marginalizadas”, disse. “Foi necessário esse momento horripilante de escuridão para nos acordar. Parece que estávamos imersos em um falso senso de conforto, que a justiça ia prevalecer e que o bem venceria no final. Bem, o bem não venceu essas eleições. Mas o bem vencerá no final. Então, o que o dia de hoje mostra é que estamos longe do fim. O dia de hoje marca o início de nossa história. A revolução começa aqui”, concluiu Madonna.

No dia 29 de janeiro, novas manifestações aconteceram nos Estados Unidos, dessa vez, contra a ordem do presidente Donald Trump de impedir a entrada no país de viajantes de sete nações de maioria muçulmana. Uma segunda onda de protestos começou depois de manifestações espontâneas acontecerem em muitos aeroportos, quando agentes de fronteira dos EUA começaram a aplicar a nova decisão presidencial. Um dos maiores protestos ocorreu em Battery Park, em Manhattan, sob a vista da Estátua da Liberdade. O orador principal, o senador democrata Charles Schumer, de Nova York, disse à multidão que a ordem Trump era contrária aos valores centrais norte-americanos.

“O que estamos falando aqui representa vida e morte para muitas pessoas”, disse Schumer. “Não vou descansar até que essas horríveis ordens sejam revogadas”, concluiu o senador diante de milhares de pessoas.

Em Washington, aproximadamente cinco mil pessoas se reuniram perto da Casa Branca, cantando: “Não há ódio nem medo, os refugiados são bem-vindos aqui”.

Em Boston, mais de dez mil pessoas se reuniram para ouvir oradores como a senadora Elizabeth Warren, de Massachusetts, e críticas a Trump.

Em Chicago, as manifestações incluíram até grupos judeus, que se mobilizaram no subúrbio da cidade para mostrar apoio aos muçulmanos.

Também ocorreram protestos nas cidades de Houston, Detroit, St. Louis e Los Angeles.

Da Redação