Paralisações em São Paulo deram o recado no 15 de março

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greve sp 02A classe trabalhadora em todo país sente a piora das condições de vida a cada dia, com o desemprego crescente e a diminuição do poder de compra. A perspectiva é cada vez mais difícil, pois o congelamento de gastos sociais aprovado para os próximos 20 anos e os projetos de privatizações, terceirizações e as reformas do governo Temer querem acabar com a aposentadoria e os diretos trabalhistas.

O povo trabalhador de São Paulo lutou fortemente contra a Reforma da Previdência, mesmo enfrentando a repressão patronal, da Prefeitura, do Governo Estadual e da Justiça, além da manipulação da grande mídia.

A caça ao direito de greve começou quando a Justiça aceitou uma liminar interposta pelo prefeito João Dória, determinando uma multa de R$ 5 milhões por hora ao Sindicato dos Motoristas em caso de descumprimento da ordem de manter no mínimo 70% da frota rodando. Na sequência, foi a vez de um dos principais bastiões da repressão, Geraldo Alckmin, ter uma liminar aprovada contra os metroviários, determinando uma multa de R$ 100 mil por dia em caso de descumprimento da decisão de manter circulando 100% da frota no horário de pico e 70% nos demais horários. Um claro afronte ao direito de greve.

Ambas as categorias resistiram e mantiveram as orientações das assembleias. Os motoristas de ônibus paralisaram das 0h às 8h, já os metroviários sustentaram a paralisação por 24 horas. A grande mídia teve muito trabalho para editar as velhas reportagens de alguém falando que perdeu o trabalho ou a consulta médica, pois a população declarou seu apoio. Em várias estações os metroviários eram aplaudidos ao explicar ao povo o motivo da paralisação. Para Ricardo Senese, do Movimento Luta de Classes, a relação entre usuários e metroviários melhorou com a paralisação: “Aqui na estação Barra Funda também fomos aplaudidos e é muito importante que os usuários desta estação apoiem nossa paralisação, pois em nosso trabalho é fundamental ter boa relação com a população. Essa relação sempre é dificultada pela política do governo de deteriorar do Metrô – para piorar a avaliação do Metrô público e justificar as privatizações – fazendo crescer o estresse em nosso trabalho. Por isso esse apoio é fundamental”.

A paralisação também foi marcada pela disposição de luta dos trabalhadores da educação, que prepararam a greve contra a Reforma da Previdência e pela lei do piso salarial desde o ano passado com a aprovação do calendário de lutas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE). Professores(as) da Prefeitura já haviam aprovado o início da greve para o último dia 15 de março, com duração de uma semana e demonstraram sua força paralisando mais de mil das três mil escolas de ensino infantil, que raramente se mobilizam por atenderem famílias pobres da periferia. Já os professores estaduais, reunidos em uma assembleia com mais de 30 mil pessoas, aprovaram de forma apertada uma greve a partir do dia 28 de março, mas deram exemplo de combatividade na manifestação na Avenida Paulista.

A força da paralisação foi demonstrada por outras categorias. Os servidores da Sabesp paralisaram por três horas os serviços de rua e atendimento ao público em mais de 70 áreas e por volta de 4.200 trabalhadores demonstraram que estão em alerta contra os ataques à Previdência e também contra o projeto privatista dos Governos Estadual e Federal, que já resultou na privatização da CEDAE, no Rio de Janeiro. Estivadores do Porto de Santos sofreram repressão e entraram em confronto com o Choque da Polícia Militar, ainda no início da manhã.

Bancários, metalúrgicos, químicos e outras categorias como a construção civil também paralisaram unidades e fizeram atos de rua, até mesmo policiais civis se manifestaram. Desde o início da manhã, eles pararam vias importantes como a Rodovia Dutra, Avenida das Nações Unidas e Ponte do Socorro (Zona Sul). Motoboys paralisaram a Avenida 23 de maio, que liga as Zonas Norte e Sul da cidade. Professores municipais paralisaram o Viaduto do Chá e professores estaduais se reuniram na Praça da República.

greve sp 03Ao final do dia, as manifestações se reuniram em um grande ato em frente ao Masp, na Avenida Paulista. Cerca de 250 mil pessoas tomaram vários quarteirões do cento comercial e empresarial para mostrar que os ricos engravatados não tornarão ainda mais penosa a vida dos trabalhadores.

Esse grande dia de lutas serviu como estopim para uma virada na conjuntura política. Com baixa popularidade e perda de apoio entre a própria base, o presidente golpista Michel Temer vê o fantasma dos movimento sociais tirar-lhe o sono.

Redação SP