Polícia faz mais uma vítima na favela de Acari

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foto moradores acariA guerra imposta aos moradores das favelas cariocas fez mais uma vítima em Acari, Zona Norte do Rio de Janeiro. Na última segunda-feira (13/03), o carroceiro Manoel Lizandro Faustino foi alvejado por uma bala durante troca de tiros iniciada pelos policiais do 41º Batalhão da PM. No momento da ação, o trabalhador realizava uma mudança com a família.

A morte causou ódio e comoção em toda a comunidade. Seu Manoel, como era conhecido, era bastante respeitado por todos por sua solidariedade e simplicidade. Sempre entregava frutas e legumes a moradores, em especial na porta das igrejas. “Ainda ontem estava no término do culto no qual ele também estava, e ele dando pedaços de melancia para os membros da igreja. Muito triste isso, queremos paz. Mais um que vai entrar para as estatísticas. Temos que ir pra rua fazer barulho, Acari pede paz”, disse uma moradora, que não quis se identificar.

Manoel-FaustinoAssim que Seu Manoel foi morto, dezenas de moradores cercaram o corpo para impedir que a polícia o colocasse dentro do Caveirão (procedimento ilegal). Os relatos dão conta que um policial sacou a arma e apontou para os moradores em ameaça. Mas a firmeza do protesto garantiu a perícia no local. Uma investigação está em andamento.

A versão da polícia é de que encontrou o trabalhador já morto e que não houve troca de tiros na Rua Bolonha.

Dia a dia de medo na favela

Segundo a ativista de direitos humanos Buba Aguiar, do Coletivo Fala Acari, “a frequência destas operações violentas aumentou e mostra cada vez mais que esse é o modo como o Estado está disposto a se fazer presente nas favelas. Com o aumento de operações desse tipo, nós, defensores locais, também notamos o aumento das violações de direitos dos moradores, cada vez mais graves”.

É comum às 7h da manhã, com pessoas saindo para o trabalho ou crianças indo para a escola, operações e troca de tiros. Para os que ficam na favela durante o dia resta proteger-se sem sair de casa.

Com a intensificação da crise, crescem as operações e pressão nos territórios, já submetidos a um verdadeiro estado de exceção, mas cresce também no povo a consciência da necessidade de denunciar estes abusos.

Redação Rio