A venda da Petroquímica Suape (PQS) e da Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe) para empresários mexicanos da Alpek por menos de US$ 400 milhões é um escândalo. Foram investidos R$ 9 bilhões para a construção desse patrimônio; os ativos das empresas valem muito mais do que o preço ofertado; além do mais, com a venda, irá ocorrer o controle de um segmento importante do mercado brasileiro (o Complexo Petroquímico de Suape já controla mais de 50% do mercado nacional) por empresários estrangeiros. Por último, a empresa Alpek se nega a preservar os empregos dos funcionários, bem como as conquistas trabalhistas e sociais alcançadas até agora.
Somente os capitalistas mexicanos, interessados apenas no lucro a todo custo, têm motivos para comemorar essa operação, pois a aquisição aumentará a produção de ácido PTA da Alpek em 33% e a de PET em 25%. A Alpek vende milhares de toneladas de PET ao Brasil sem pagar um centavo de imposto e é o principal concorrente da PQS e da Citepe em nosso próprio país!
A entrega da PQS e Citepe à Alpek, deixará o mercado brasileiro de PET/PTA/POY nas mãos dos mexicanos colocando em risco a produção nacional. A Alpek poderá causar sérios danos ao mercado brasileiro se manejar artifícios como, por exemplo, a importação de PET para o Brasil a partir de suas fábricas mexicanas, ou, produzir aqui no Brasil com petróleo vindo do México, beneficiando a Pemex, companhia estatal de petróleo mexicana, em detrimento da Petrobrás, o que pode afetar o preço dos insumos.
A propaganda usada pela Petrobras através dos meios de comunicação sobre a dívida da empresa não passa de mentiras: no final de 2015, a dívida da empresa era de menos de R$ 2 bilhões e a sua receita líquida cresceu 19% no mesmo ano; o prejuízo caiu 35% frente a 2014. E tem mais: o demonstrativo operacional da própria Petrobras demonstra que a partir de 2018 a empresa já começa a dar lucros gradativos e irá chegar em 2024 ao auge de sua produção.
A preservação do controle estatal do Complexo Petroquímico de Suape atende aos interesses estratégicos de alcançar a autossuficiência na produção de PET/PTA/POY e de produzir com petróleo nacional. Além disso, é a única maneira de preservar os empregos dos funcionários, bem como, as conquistas alcançadas até agora pelos trabalhadores.
Rodrigo Rafael, presidente do Sindtêxtil-Ipojuca.