As redes sociais têm exposto comportamentos agressivos e chocantes de uma sociedade patriarcal, machista e exploradora. Na última semana, mulheres do Movimento Olga Benario foram surpreendidas com a divulgação de perfis no instagram de supostos estudantes de faculdades particulares de Maceió oferecendo rifas onde o prêmio seria uma noite com uma prostituta. No bilhete, a justificativa era de arrecadar dinheiro para a festa de formatura.
As feministas fizeram cópias dos perfis e denunciaram nas redes sociais, esclarecendo que, além de crime de rufianismo, a atitude é uma afronta às mulheres, que mesmo sendo profissionais do sexo, não podem ser tratadas como objetos ou mercadorias a serem sorteadas. O movimento também lançou uma nota de repúdio que foi veiculada nas redes sociais e distribuída nas portas das faculdades. O protesto tem repercutido na mídia local e nacional.
Na nota do Movimento de Mulheres Olga Benario, em Alagoas, as militantes questionam: “Formandos ou cafetões? A veiculação nas redes sociais de uma ‘rifa’ de uma mulher causou indignação e revolta. Vamos começar pela lei: o artigo 230 do Código Penal prevê que é um crime tirar proveito da prostituição alheia, com pena prevista de reclusão por 1 a 4 anos e multa. Os exploradores sexuais de mulheres são conhecidos popularmente como cafetões”
As feministas também ressaltaram que não é apenas uma questão legal. Vai muito além disso. “A prostituição não é uma livre escolha feminina. É, na verdade, uma dramática forma de exploração e subjugação das mulheres há séculos. A sociedade capitalista, patriarcal e hipócrita mantém milhares de mulheres submetidas a essa prática.
Não nos enquadramos entre os estereótipos de recatadas e do lar ou entre as que podem ser rifadas. Afirmamos sempre, queremos respeito e uma vida digna para todas as mulheres!”, declara o Movimento Olga Benario.
Exploração sexual é tema de debates em faculdades particulares
A repercussão do protesto levou as direções e os docentes das faculdades a se posicionarem contra a atitude dos estudantes. Nesta segunda-feira (10), a direção da Faculdade da Cidade de Maceió (Facima) convocou os representantes de turma e das comissões de formatura para uma reunião. Foram convidados para palestrar aos estudantes Anne Caroline F. Lima, Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos; Caroline D. Leahy e Alexandra Berto, da Comissão das Mulheres Advogada da OAB/AL; e a jornalista Lenilda Luna, do Movimento de Mulheres Olga Benario.
A direção da Facima foi representada por Ana Paula Nunes, Diretora Geral da Facima e FAA-IESA; Solange Correia, Coordenadora dos Cursos de Direito da Facima e da FAA-IESA; Fabrízia Melo, Coordenadora Geral da Facima e FAA-IESA; Dayse Teixeira, Coordenadora Pedagógica da Facima; e Rodrigo Colembelli, professor da FAA-IESA e Delegado de Polícia Civil.
Na palestra com os estudantes, foram esclarecidas as questões legais e éticas pelas quais a atitude de “rifar” mulheres deve ser totalmente repudiada. “Não podemos aceitar como normais os comportamentos que reforçam o estereótipo de mulher-objeto. Mesmo as profissionais do sexo devem ter seus direitos resguardados e devem ser respeitadas como todas as mulheres”, destacou a representante do Movimento Olga Benario.
O caso já está sendo apurado pelo Ministério Público Estadual e pela Polícia Civil de Alagoas. Aparentemente, os perfis foram retirados das redes sociais, mas o material coletado já foi encaminhado para a investigação. “Estamos cedendo também as imagens das câmeras de segurança para que os responsáveis pela rifa sejam identificados e punidos. Pedimos aos nossos alunos que não se omitam e denunciem qualquer tentativa de continuar vendendo essa rifa”, declarou a diretora geral da Facima.
O Movimento de Mulheres Olga Benario também já foi contactado por professores da Faculdade Pitágoras, em Maceió, e deve participar de uma conversa com os estudantes na próxima semana. Machistas não passarão!!!
Lenilda Luna – Redação Alagoas