Faleceu, no último dia 25 de março, Dom Marcelo Carvalheira (88 anos), arcebispo emérito da Paraíba. A causa da morte não foi informada, mas o religioso estava com a saúde debilitada devido à idade avançada. Antes de chegar a João Pessoa-PB, o corpo de Dom Marcelo foi velado na Catedral da Sé, em Olinda-PE, onde passou os últimos dez anos de vida, e, em seguida, na Catedral de Nossa Senhora da Luz, em Guarabira-PB, onde foi o bispo fundador da Diocese local. A fase final do velório e o sepultamento foram realizados na Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, na capital paraibana.
Dom Marcelo Pinto Carvalheira nasceu no dia 1º de maio de 1928 no Recife. Arquidiocesano de Olinda, foi estudar Filosofia e a Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, em 1946, e lá ordenado padre em 1953.
No dia 29 de outubro de 1975, o jovem padre Marcelo Pinto Carvalheira foi nomeado pelo Papa Paulo VI como Bispo Auxiliar da Arquidiocese da Paraíba, ficando sob sua responsabilidade a organização de uma nova Diocese no Brejo paraibano.
Dom Marcelo foi nomeado Arcebispo Metropolitano da Paraíba após renúncia de Dom José Maria Pires, outro expoente do setor progressista da Igreja Católica no Nordeste. Entre 1998 e 2004, foi vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2004, ao atingir a idade limite para o governo diocesano, solicitou sua renúncia e deixou a Arquidiocese da Paraíba.
“Nunca prometeu o céu a ninguém, tampouco ameaçou com o fogo do inferno, mas trazia na mente, no coração e nos gestos, o desejo de ver o homem resgatado em sua dignidade no plano terreno, sem ser humilhado, sem ser escravo de ninguém. Insistia em ver o tal homem com acesso a bens sociais como educação e saúde, com direito à moradia e trabalho dignos”, afirmou, em artigo, o jornalista Alexandre Henriques.
Durante a Ditadura Militar no Brasil, foi um dos mais importantes colaboradores de Dom Hélder Câmara. Defendeu militantes políticos e líderes católicos perseguidos, sendo ele mesmo também preso.
Sobre Dom Marcelo, assim se exprimiu o ex-preso político Edival Nunes Cajá, em mensagem enviada em nome do Comitê Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco: “Partiu mais um amigo da causa dos explorados e oprimidos, um dos construtores da Teologia da Libertação. Ele foi preso político, sem dar nenhuma informação, no DOI-Codi, ainda como padre e colaborador de Dom Helder Câmara. Nestes últimos dias, participamos de uma grande homenagem de despedida na Catedral da Sé, em Olinda, com muitos amigos e admiradores, assim como do último momento na Paraíba, onde atuou decididamente em defesa dos mais pobres, dos camponeses das causas sociais”.
Redação Paraíba