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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Trabalhadores convocam greve geral

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Os três dias nacionais de luta ocorridos neste último mês de março criaram o clima político na classe trabalhadora, e em amplos setores populares, para a construção da Greve Geral no Brasil no dia 28 de abril. O Dia Internacional da Mulher (8) e os dias nacionais de mobilização e paralisação (15 e 31) revelaram toda a indignação do povo brasileiro contra as reformas da Previdência e trabalhista, contra a aprovação relâmpago de uma nova lei das terceirizações (a partir de um PL que estava engavetado há nos), contra o desemprego e a rápida degradação das condições de vida.

O “Fora Temer” dominou as palavras de ordem em cada momento. Sustentado exclusivamente pelas classes exploradoras, seu Congresso Nacional corrupto e sua mídia manipuladora, o governo golpista e criminoso não permanecerá mais de pé se as ações forem mais contundentes daqui em diante.

Dia Internacional da Mulher

De fato, o que se viu foi uma grande articulação internacional no dia 8 de março, com grandes atos em mais de 50 países. No Brasil registraram-se protestos em mais de 60 cidades, sendo 22 capitais. Sob os chamados de “Nenhuma a menos” e “Paralisação mundial das mulheres”, o movimento feminista mostrou que pode se unificar e dar um caráter combativo a esta data, sem homenagens demagogas. No atual contexto de crise do capitalismo, a maioria das mulheres possuem trabalhos precarizados, realizam uma tripla jornada, são mais vulneráveis ao desemprego, aos baixos salários, ao assédio moral e sexual.

Preparação para a Greve Geral

Como acúmulo de todas as manifestações ocorridas em 2016 contra o golpe que derrubou a presidente Dilma Rousseff e contra as medidas perversas do Governo Temer (a exemplo da reforma do ensino médio, que levou a juventude a ocupar milhares de escolas por todo o país, e da PEC do corte de gastos por 20 anos), os dias nacionais de mobilização e paralisação deste mês de março foram mais fortes e apontaram o rumo da construção da Greve Geral. A data escolhida pelas centrais sindicais foi o dia 28 de abril, casando com o Dia Internacional dos Trabalhadores, 1º de maio.

No dia 15 de março, estima-se que mais de um milhão de brasileiros participaram dos protestos nos 26 estados e no Distrito Federal, num total de mais de 150 cidades. Em São Paulo foram mais de 250 mil na Avenida Paulista. Os metroviários, que paralisaram as atividades desde a zero hora, foram aplaudidos pela população paulistana em várias estações. Rodoviários também paralisaram. Para Ricardo Senese, da Ação Metroviária/MLC, “isso é um reflexo do sentimento de união e solidariedade que toma a classe trabalhadora nesses momentos de crise e de retirada de direitos”.

No Rio de Janeiro, foram mais de 100 mil manifestantes pelas principais ruas do centro. “Estamos aqui para dizer que quem tem que pagar a conta da crise são as elites, os ricos. Tem que taxar as grandes fortunas e parar de pagar a dívida pública aos banqueiros”, afirmou Esteban Crescente, da Unidade Popular e do Sintufrj. O Estado do Rio de Janeiro ainda vive uma série de enfretamentos contra o massacre do Governo Estadual aos servidores públicos, com o pagamento atrasado e fatiado de salários, o desmonte da UERJ e a privatização da companhia de água, a Cedae.

Em Belo Horizonte, capital mineira, o ato unificado somou cerca de 150 mil pessoas. Para Leonardo Péricles, presidente nacional da UP e militante do Movimento de Luta nos Bairros (MLB), “está provado que é possível derrotar a reforma da Previdência, especialmente se a classe trabalhadora construir a Greve Geral, seguindo o exemplo do movimento dos trabalhadores em educação, que comparecem em massa ao ato de BH e iniciaram a greve do setor neste dia 15”.

Em Natal-RN, o MLB mobilizou as famílias da periferia com quatro ônibus e se somou com mais cinco mil pessoas. Em Teresina-PI, o ato se concentrou em frente ao INSS, com cerca de mil pessoas. Em João Pessoa-PB, foram três mil manifestantes denunciando a reforma da Previdência e distribuindo panfletos para a população que se encontrava nas paradas de ônibus.

Em Pernambuco, o MLB fechou a BR-101 em Jaboatão dos Guararapes; em Recife houve paralisação no call center da Contax e ato com 35 mil pessoas no Centro.

Também houve várias tentativas de frear a luta. Em São Paulo, na caça ao direito de greve a Justiça aceitou uma liminar do prefeito João Dória (PSDB), determinando multa de R$ 5 milhões por hora ao Sindicato dos Motoristas em caso de descumprimento da ordem de manter no mínimo 70% da frota rodando. Já o governador Geraldo Alckmin (PSDB) conseguiu uma liminar contra os metroviários, determinando uma multa de R$ 100 mil por dia em caso de descumprimento da decisão de manter circulando 100% da frota no horário de pico e 70% nos demais horários. Ambas as categorias resistiram e mantiveram as orientações das assembleias. Os motoristas de ônibus paralisaram das 0h às 8h, e os metroviários sustentaram a paralisação por 24 horas.

A data do dia 15 de março foi apontada pelo 33º Congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), em janeiro deste ano, que aprovou um chamado às demais categorias e às centrais sindicais, assumindo uma posição de vanguarda. Em todo o país, os educadores pararam suas atividades por vários dias e pautaram suas reivindicações específicas, como o cumprimento da lei do piso salarial, juntamente com o repúdio à reforma da Previdência. Os educadores do Estado de São Paulo realizaram a greve durante todo o mês de março e, em assembleia com cerca de 40 mil pessoas neste último dia 31, suspenderam a paralisação e aprovaram um calendário de lutas para abril.

No 31 de março, ocorreram atos em 23 estados e no Distrito Federal. O maior deles em Belo Horizonte, com cerca de 100 mil pessoas, seguido por São Paulo, com 70 mil, e Rio de Janeiro, com 60 mil. Em Fortaleza foram mais de 25 mil; em Salvador, 10 mil; em Natal, 8 mil; em Recife, 7 mil; em Brasília, 5 mil.

Mais uma vez, o povo brasileiro foi às ruas de todo o país e demonstrou seu repúdio às reformas de Temer, dos banqueiros e dos patrões. A intenção da burguesia e seus representantes é de aprovar o fim do direito à aposentadoria e um retrocesso de 80 anos nas leis trabalhistas, mas a classe trabalhadora, as mulheres e a juventude estão mobilizados e vão realizar a Greve Geral contra o capital em abril.

Rafael Freire, Paraíba.

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