Nascer, onde?

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Mais uma vez, vemos as práticas de gestão atingirem as regiões da periferia da cidade de São Paulo. A maquiagem no sistema de saúde que “zerou a fila dos exames” só é para aparentar que algo está sendo feito na saúde, mas a aliança do mal entre Temer-Alckmin-Dória só ataca os mais pobres. Agora é a maternidade da Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro que foi fechada.

Um depoimento de um funcionário do local, que não quis se identificar por questões de segurança, revela a situação e a atuação do poder público no sucateamento do sistema de saúde. O lema da tríade do mal é piorar para privatizar.

“No final do mês de março, começou a correr uma conversa nos corredores da Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro, mas nada oficial, tudo que se comentava causava um arrepio nas pessoas. Uns comentavam que sim, outros duvidavam da capacidade disto acontecer, foram dias de muitas conversas especulativas e de muita apreensão, até que o hospital oficialmente colocou um banner e uma faixa avisando às gestantes que, a partir do dia 15 de maio de 2017, não haveria mais o serviço de obstetrícia. Com isso, as gestantes que estavam agendadas pelos postos de saúde para darem à luz a seus filhos nesta instituição serão realocadas em outras instituições. Como se fosse simples para estas instituições aumentar ainda mais a sua demanda. A carência de saúde é fato indiscutível. Fechar uma clínica de tamanha importância social é ir contra as demandas da população. Quase 100% do serviço de obstetrícia e maternidade era SUS, mais ou menos 200 crianças nasciam neste serviço, daí se percebe sua importância e simplesmente fecham.

Fecham por incompetências administrativas, erros médicos, processos na Justiça que demandam reparos aos danos. Isso consumiu parte significante da verba que era necessária para manter o atendimento público. É impensável que a Secretaria de Saúde do Município de São Paulo aceite o fim de um serviço de importância vital à população. Simplesmente coloca-se um aviso e pronto. Qual responsabilidade social desta instituição?

Como se não bastasse tanta desgraça, várias trabalhadoras e trabalhadores estão ameaçadas de demissão. No centro obstétrico trabalham 33 trabalhadoras da Enfermagem, mas não é só um trabalho, são vidas dedicadas a que outras vidas venham ao mundo com dignidade, saúde. Elas deixam suas famílias para realizarem muitos sonhos de várias famílias. Seus familiares doentes em casa e elas estão ali no batente.

Sequer foram dignos com elas, simplesmente abriram uma lista para quem quiser ser demitida. Há dinheiro para pagar a rescisão trabalhista? São várias perguntas que precisam ser respondidas pela Provedoria. A população precisa ser esclarecida, saber o que eles pensam a respeito da falta deste serviço. Isso não foi discutido com o povo! Estamos precisando ter mais serviços à população e não acabar com o que tem. Vamos a luta em defesa à saúde.”

Redação SP