Em meio aos atuais partidos e organizações políticas que se consideram do campo da esquerda em nosso país, temos “forças políticas” que servem, e bem, para eleger parlamentares para o Congresso e Assembleias Legislativas e ter uma “maioria” em sindicatos e centrais sindicais, mas que não servem para a luta revolucionária.
Prostrados que estão, por anos de mamata, de gozo nos gabinetes e privilégios de suas estruturas burocratizadas, aprenderam que, mesmo quando fazem “manifestações”, essas têm que se assemelhar mais a micaretas, caminhadas, do que a protestos, revoltas populares. São geralmente da “turma do deixa disso”, e seus “objetivos revolucionários” estão tão distantes, tão amarrados no falso discurso de “correlação de forças”, que os cegam e os impedem de ir para qualquer enfrentamento. Esse mal, essa doença do movimento popular e sindical, faz com que, no atual momento de radicalização, não queiram ir mais longe.
Depois de tamanhos enfrentamentos, como o de Brasília, no último dia 24 de maio, quem conhece a história do movimento social no Brasil tem alguma dúvida de que a questão do poder popular, do poder nas mãos da classe trabalhadora, deve ser colocada em pauta pelas organizações populares e pelas forças revolucionárias?
Mas não somente do ponto de vista da repressão. Esse governo golpista e seus banqueiros, grandes empresários do agronegócio e do latifúndio aprovaram, no dia 24 de maio, apesar do grande enfrentamento nas ruas de Brasília, uma Lei de Terras que permite a “venda” ainda mais deliberada de terras na Amazônia Legal para grandes grupos econômicos estrangeiros. Um crime de lesa-pátria, um crime que irá permitir a entrega, na prática, de milhões de hectares dos nossos biomas brasileiros, como do que resta do cerrado, da caatinga e, principalmente, da Floresta Amazônica para o grande capital.
Esse governo e essa burguesia entreguista não irão “ceder” o poder para nenhuma coalizão de esquerda que queira realmente transformar o país. Por ora, nós revolucionários e revolucionárias, temos um desejo, um sonho que ainda não tem mobilização social correspondente. Mas, para não fazermos como os reformistas e social-pacifistas de ontem e de hoje, não podemos usar essa realidade como desculpa para não lutarmos.
Devemos aprender com a nossa história e sonhar permanentemente de olhos abertos, medindo a cada instante nossas forças em relação ao inimigo, acumular muitas forças novas em cada enfrentamento, nas greves, nas manifestações, nas ocupações, mas também nas “pequenas” ações, ou seja, nas panfletagens, nas reuniões, no estudo, na conscientização do trabalho quotidiano.
Formemos um verdadeiro exército das forças populares, democráticas, patrióticas e revolucionárias. Não temos tempo a perder!
Leonardo Péricles, presidente nacional da UP