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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Marcha dos 200 mil enfrenta repressão em Brasília

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No último dia 24 de maio, o Brasil viveu mais um momento especial da luta que as mulheres, a juventude e a classe trabalhadora vêm travando para derrubar o Governo Temer e barrar as reformas trabalhista e da Previdência. Cerca de 200 mil pessoas marcharam pelas avenidas de Brasília em direção ao Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto. A marcha foi convocada pelas centrais sindicais, pelas Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular.

A força da manifestação fez com que o Governo Federal e do Distrito Federal realizassem uma operação de guerra para reprimir as pessoas que se deslocaram de suas cidades espalhadas por todo o Brasil e foram protestar na Capital. A PM-DF montou três barreiras de contenção nos viadutos que dão acesso ao Estádio Mané Garrincha (local de concentração da Marcha) à Esplanada dos Ministérios. Segundo o professor Magno Francisco, do Movimento Luta de Classes (MLC), ao chegar já na primeira barreira, “a truculência da PM foi enorme, com muito spray de pimenta, gás lacrimogêneo e balas de borracha, sem que nenhum manifestante fizesse nada”. Ou seja: desde o princípio, havia uma ordem de que fosse usada a força policial para que a manifestação não chegasse ao seu destino.

Leonardo Péricles, presidente da Unidade Popular (UP), também denuncia a violência policial, ressaltando ainda a mobilização nacional: “Vi em Brasília uma grande revolta popular. Vi a maior manifestação nacional que Brasília já recebeu. Vi diversas formas de luta, muito importantes. Foi uma grande experiência de enfrentamento com forças militares. Vi PMs desesperados, atirando quilos e quilos das malditas bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral sobre os manifestantes. Vi também alguns desses mesmos PMs com armas letais em punho e alguns disparando contra o povo que lutava”. Destaque-se que, entre os manifestantes, além de muitos sindicalistas, havia uma grande quantidade de jovens, especialmente de mulheres, que, a todo instante colocavam-se na linha de frente da resistência.

Os manifestantes saíram da concentração às 14h00, conseguiram romper as barreiras policiais e chegaram ao gramado que fica em frente ao Congresso Nacional às 17h00. Em meio a esse confronto desproporcional de paus e pedras contra bombas, balas, cassetetes e cavalos, também foram registrados sete tiros de arma de fogo. Cerca de 50 manifestantes foram hospitalizados e sete, presos. Um manifestante foi ferido por um tiro de arma de fogo (e há imagens gravadas mostrando claramente que pelo menos dois policiais sacaram suas pistolas e atiraram várias vezes em direção aos manifestantes), mas seu nome não foi divulgado e o governo, com sua mídia comprada, tenta abafar o caso.

Após três horas de resistência dos manifestantes às agressões da PM, a marcha se viu obrigada a recuar; tropas da Força Nacional de Segurança estavam prontas para agir a qualquer momento. Por volta das 16h00, o presidente Michel Temer baixou um decreto fascista em que dizia: “Fica autorizado o emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem no Distrito Federal, no período de 24 a 31 de março de 2017”.

Imediatamente, tropas da Polícia do Exército (PE) e dos Fuzileiros Navais, com homens fortemente armados de fuzis e granadas, desembarcaram de caminhões de combate e se posicionaram em frente aos ministérios, ao STF, ao Congresso, ao Itamaraty e ao Palácio.

Dentro do Congresso Nacional iniciou-se um grande bate-boca entre os parlamentares sobre este decreto, pois o pedido para o envio de tropas do Exército para reprimir a manifestação teria partido do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Maia, que nega qualquer envolvimento nos crimes em que foi denunciado na Operação Lava Jato, também negou que tivesse feito tal pedido e disse que tudo partiu de Michel Temer. Em pronunciamento oficial, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, e o ministro-chefe da Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, defenderam a medida fascista.

A verdade é que Temer, Rodrigo Maia, Eunício Oliveira (presidente do Senado) e companhia mostraram, com esta atitude, que estão dispostos a usar de todos os mecanismos de repressão para se sustentarem no poder, uma vez que, segundo todas as recentes pesquisas de opinião, possuem uma rejeição de 95% da população.

Outra constatação é de que a maioria do povo brasileiro perdeu qualquer ilusão de que, por dentro deste Congresso Nacional seja possível barrar essas reformas antipovo que acabam com o direito à aposentadoria e com a CLT.

Na avaliação de Magno Francisco, “a principal conquista da Marcha foi a demonstração da grande capacidade de mobilização e disposição da classe trabalhadora para lutar por seus direitos históricos, apesar de não termos conseguido ocupar o Congresso devido à forte repressão. A resistência dos que lá estavam foi muito grande, muito decidida. A Greve Geral, do dia 28 de abril, e a Marcha a Brasília, do dia 24 de maio, representam o desenvolvimento da luta da classe trabalhadora, o que significa que teremos a ampliação e a radicalização dessas ações, inclusive, com a preparação de uma greve geral ainda neste mês de junho”.

Da Redação

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