Donald Trump, eleito em 2016 após uma campanha bilionária e regada a discursos de ódio contra negros e imigrantes, foi eleito com menos votos que sua opositora, Hillary Clinton. Entretanto, não é apenas essa condição que o faz ser amplamente rechaçado pela população dos EUA, como também a relação dele com grupos, sob variadas vertentes, de nacionalistas brancos (Trump chegou a saudar a bandeira da ‘Confederação’, grupos de estados que se uniram para manter a escravidão nos EUA), o deprecia a ocupar o cargo de presidente de um país que alardeia “defender a democracia”.
Após o atentado contra centenas de pessoas na cidade de Charlottesville, no estado da Virgínia, que resultou na morte da consultora jurídica Heather Heyer, 32, Trump não apenas se negou a classificar o atropelamento como “terrorista”, como também tentou justificar o atentado ao dizer que “deve-se condenar o ódio de ambas as partes”. Essa lamentável declaração almeja descrever a luta antifascista e antirracista como algo comparável à monstruosa concepção nazi-fascista da “supremacia branca”.
Trump, após fazer essa declaração, recebeu fortes críticas da sociedade civil, dos parlamentares democratas e até mesmo de representantes do seu próprio partido, o Republicano. É de domínio público o apoio dado pelo grupo “All Right” a sua campanha presidencial. Segundo especialistas, o termo alt-right é uma abreviação de alternative right, ou direita alternativa, os quais são nacionalistas brancos ressentidos pelo avanço dos direitos civis de negros, mulheres e lgbt’s nas últimas décadas. O avanço das garantias civis só foi possível após intensas revoltas por todo o país, nas décadas de 1950-60.
Mesmo tendo perdido a Guerra Civil em 1865, os grupos escravocratas que estavam a frente dos estados confederados, insatisfeitos com os rumos que tomavam o país, decidiram criar um movimento de “purificação da sociedade estadunidense”, o qual promoveria ações de segregação, assassinato e deportação de negros, além de boicotes e intimidação à leis e legisladores que beneficiassem a população afro-americana, denominando-o Ku Klux Klan.
A condenação a morte de inúmeros negros, sem prova alguma, foram exemplos da atuação de tais grupos, dentro e fora das instituições públicas. O linchamento e o enforcamento de negros em praças públicas nunca foram investigados no final do século XIX e início do XX, mantendo-se até hoje a “áurea” de impunidade nos assassinatos de jovens negros pela polícia.
A organização em prol dos direitos civis Southern Poverty Law Center (SPLC), que monitora mais de 1,6 mil grupos com discurso de ódio no país, diz que os pensamentos de extrema-direita foram “os mais bem sucedidos” em ganhar espaço no discurso político de Donald Trump. Os comícios, marcados por promessas de “expulsão dos imigrantes” e “caça aos terroristas” sob o slogan “tornar a América grande” foram fortemente criticados nas médias e grandes cidades do país.
Contudo, em um contexto de crise e se aproveitando do alastramento da pobreza e do desemprego por todo o país, em especial nas regiões interioranas e nos estados do centro e sul dos EUA, os grupos neonazistas promoveram uma forte campanha de ódio, mentindo ao atribuir o caos econômico à presença de afro-americanos, latinos e asiáticos no país. Trump, além de não rechaçar o apoio desses grupos, ousou ainda mais no discurso xenofóbico, prometendo “construir uma grande ‘muralha’ ao longo da fronteira dos EUA com o México”.
O que aconteceu em Charlottesville foi um crime não apenas contra Heather Heyer, mas um crime contra a humanidade. Hitler e seu bando promoveram as mais brutais selvagerias contra dezenas de milhões de seres humanos da história, tendo sido derrotados, após gigantescos sacrifícios do povo soviético, em maio de 1945. Hoje, 72 anos depois da derrota do nazi-fascismo, tais grupos continuam a ameaçar a humanidade, porém, como nos provou heróis e heroínas de todos os cantos do mundo, desde o Vietnã até Cuba, a resistência do povo sempre será maior que o banditismo de grupos e líderes da estirpe de Trump e do Ku Klux Klan.
Matheus Nascimento, Belém
Próxima matéria é dizendo o quanto o trump teve que se curvar ao apelo popular? Ou dizendo que a extrema-direita está frustrada com Trump?
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