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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Em defesa da Universidade Latino-Americana

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A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) surgiu num momento de crise estrutural do neoliberalismo, advinda do imperialismo estadunidense, responsável pela contínua dependência da América Latina em relação ao capital estrangeiro, um momento em que os países latino-americanos buscavam uma saída nos governos ditos populistas. A Unila veio com o propósito de cumprir o artigo 4º da Constituição de 1989 que, em seu parágrafo único, diz que buscará a integração política, econômica, social e cultural dos povos da América Latina visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Os ataques à Unila por políticos conservadores do Paraná têm apenas uma finalidade: negar essa integração dos povos e desmontar, mais uma vez, a universidade pública em nome do capital, mais especificamente do agronegócio. Atualmente, a universidade conta com 3.700 estudantes de diversas nacionalidades: desde o Brasil, até Cuba, Haiti, El Salvador. São 30 cursos de graduação, 265 professores doutores e um emaranhado multicultural único da tríplice fronteira.

A emenda que prevê o fim de tudo isso provém da Medida Provisória 785/17, que coloca um fim ao auxílio estudantil (PNAES) e o autor dessa emenda, o deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), procura tirar à força a identidade da universidade e torná-la Universidade Federal do Oeste do Paraná. Deputado esse representante da famosa bancada ruralista, a mesma que votou em peso a favor da reforma trabalhista. Sérgio Souza também é citado na famosa Operação Carne Fraca, que acusa a multinacional JBS de adulterar carnes e doar mais de R$ 393 milhões a políticos nas eleições gerais de 2014.

Na descrição dessa MP, o deputado cita claramente as empresas do agronegócio que pretende beneficiar: Lar, Frimesa, Cocamar, Cotriguaçu, C. Vale e Coopagril. Além deste episódio, a Unila já sofreu acusações por parte do senador Álvaro Dias (PV-PR), defensor do projeto Escola sem Partido, que acusou a universidade de “doutrinação ideológica”.

É claro que a comunidade estudantil há de se mobilizar. Existe uma petição na internet com mais de 12 mil assinaturas que vai em direção ao Congresso. Inúmeros sindicatos da cidade já lançaram suas notas de apoio à instituição. UNE, Unilab e UFPR também já se manifestaram. Neste momento, as universidades brasileiras sofrem uma grave crise orçamentária e a única preocupação da burguesia brasileira presente no Congresso é continuar esse desmonte para que o “potencial agroindustrial da região” do Oeste do Paraná consiga se destacar.

Precisamos, mais uma vez, lutar para que o ensino público, gratuito e de qualidade continue intacto frente à mais essa crise do capital. Precisamos impedir definitivamente que deputados e senadores continuem “rasgando” a Constituição em nome de seus próprios interesses e sempre lembrar que a autonomia universitária (art. 207 da Constituição) não deve ser negada nunca, permanecendo como princípio dentro e fora da Universidade por todos aqueles que a entendem como ambiente liberto de conhecimento. Mais uma vez, que esteja claro a todos aqueles que, em nome do capital, tentem destruir nossa universidade e desprezar nossos direitos: JAMAIS desistiremos. Os golpes que tentam desarticular a integração latino-americana não conseguirão acabar com nosso protagonismo social. Não trabalharemos a favor do capital. Trabalhamos em favor do povo.

Andreza Sant’ana, estudante da Unila

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