O jornalista do diário Evrensel, órgão de imprensa do Partido do Trabalho da Turquia (EMEP), Yusuf Karataş, foi preso no último dia 29/07 pelo governo turco acusado de conspiração. Da prisão, Karataş afirmou que “não importa se estamos dentro ou fora, continuaremos a falar a verdade”.
Acusação
Karataş vinha sendo alvo de vigilância por parte do governo Erdogan desde 2008. Entre as acusações está a participação no protesto contra o massacre de Roboski, em 2011, e na assembleia dos trabalhadores agrícolas sazonais da Mesopotâmia, em 2013, considerada pelas autoridades policiais como atividade “terrorista”.
Em declaração ao Evrensel, o procurador Tugay Bek afirmou que “a prisão de Yusuf Karataş tem motivação política”.
Yusuf Karataş está no presídio de Diyarbakır. Em nota à imprensa, o jornalista afirmou que “aqueles que defendem a paz, a democracia, a liberdade e o trabalho estão sendo silenciados e pressionados”.
“O regime sombrio que paira sobre o país deseja levar nosso futuro como refém. Para isso, procura reprimir e silenciar todas as pessoas que se alinham com o trabalho, a paz, a democracia e a liberdade. No entanto, não nos manteremos quietos. Continuaremos contando e escrevendo a verdade e gritando por justiça”.
EMEP: “a tirania não pode continuar para sempre”
O Partido do Trabalho da Turquia (EMEP), membro da Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxista-Leninistas (CIPOML), também criticou a prisão de Karataş.
Selma Gürkan, presidenta do partido, afirmou que “em seu esforço para criar uma ditadura pessoal caracterizada pela opressão, violência e proibição, o governo AKP vem praticando todo tipo de ilegalidade, incluindo a prisão de políticos, parlamentares, jornalistas e defensores de direitos humanos, fechamento de jornais, revistas, canais de televisão e rádio, além da proibição de greves e protestos”.
“Nosso camarada Yusuf Karataş foi preso como parte da investigação sobre o Congresso da Sociedade Democrática (DTK), em Diyarbakır. As alegações apresentadas contra Karataş não têm base, pois o participou de várias reuniões governamentais e foi consultado em relação à resolução da questão curda. Hoje – uma década depois – como resultado do clima político atual, se tornou uma organização ilegal”, disse Gürkan.
“As acusações apresentadas contra Yusuf Karataş fazem parte da farsa processual que tem ocorrido recentemente. Virou rotina casos políticos serem trazidos a juízo sem levarem em conta os critérios legais. Karataş e muitos outros que estão sendo julgados no mesmo processo simplesmente foram pegos nesta rede”.
Para a dirigente do EMEP, o país passa por um momento delicado e precisa de mudanças urgentes. “Um sistema que é liderado por ilegalidade e um sistema judicial que ignora todas as regras e procedimentos não pode sobreviver por muito tempo porque a tirania não pode continuar para sempre. Esses procedimentos também serão julgados pela história e estão sendo julgados na consciência do público”.
E conclui: “Não aceitamos esse processo ilegal contra nosso camarada Yusuf Karataş. Continuaremos a lutar contra toda ilegalidade, prisões arbitrárias e tentativas de criminalizar pessoas inocentes”.
Da Redação, com informações do Evrensel