Policiais estão envolvidos no assassinato de dezenas de trabalhadores no Pará

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Os índices de criminalidade aumentam a cada semana no estado do Pará. Até agosto de 2017, na Grande Belém, foram registradas quatro chacinas promovidas por milícias. Os bairros mais afetados pelos altos números de assassinatos são a Terra Firme, Jurunas, Cabanagem e Curuçambá, todos localizados nas regiões mais pobres da zona metropolitana. A participação de policiais, ex-policiais e agentes de segurança pública tem se tornado notória, como no assassinato de um trabalhador rural no Hospital Geral de Parauapebas e no massacre de dez trabalhadores rurais em Pau D’Arco, ambos no sudeste do estado.

Sobre o assassinato no Hospital Geral, ocorrido em março, a delegacia de homicídios emitiu dois mandados de prisão temporária e três mandados de busca e apreensão em Parauapebas. O guarda municipal de Parauapebas, Lionício de Jesus Souza, e o agente da força nacional, Francisco Ubiratan Silva da Silva, foram presos. Foram apreendidas armas e munições, usadas no crime, na casa de um sargento da Polícia Militar.

O crime foi encomendado pelo gerente da fazenda, Felício Fernandes, a mando dos donos do latifúndio Serra Norte, em retaliação a uma ocupação ocorrida em 2016. Jagunços da referida fazenda já haviam torturado e assassinado o trabalhador rural Etevaldo Soares Costa, sufocado com saco plástico após ser sequestrado em uma emboscada num ramal próximo à fazenda.

No massacre de Pau D’Arco, onze policiais militares e dois civis foram presos temporariamente, porém libertados menos de um mês depois. Eles promoveram uma chacina que vitimou dez trabalhadores rurais, sem direito a defesa, dos quais nove eram da mesma família, sendo uma mulher. Um sobrevivente do massacre foi assassinado semanas depois, após ter se mudado para outro município. O MPF e o MPE investigam os assassinatos, e há fortes indícios da participação de policiais nesse novo assassinato brutal.

Na Grande Belém, as milícias promoveram quatro chacinas, sendo a mais monstruosa a ocorrida em 06 de junho, no bairro da Condor, quando três carros e cinco motocicletas interditaram todo um quarteirão e inciaram um atentado à vida de dezenas de pessoas que transitavam na rua e nas calçadas. Seis pessoas morreram, sendo uma criança e um idoso, os quais foram alvejados com tiros na cabeça, falecendo no hospital.

Há relatos de que o novo secretário de Segurança Pública, Jeannot Jansen, e o delegado geral da Polícia Civil do Pará, Rilmar Firmino, são adeptos da visão de que as milícias “são um mal necessário para acabar com a criminalidade”, isto é, na prática ambos atuam na defesa imoral desses grupos de extermínio.

Até hoje nenhum criminoso foi sequer identificado, gerando revolta e denúncias da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PA acerca da participação de agentes de segurança pública nos atentados. A chacina no bairro da Condor ocorreu um dia após um policial militar ter sua arma roubada nas proximidades enquanto fazia um “bico” em uma casa de festas, porém a Polícia Civil do Pará mantém em sigilo as investigações, contando com a cumplicidade do governador cassado do estado do Pará, Simão Jatene.

Redação Pará