A cidade de São Paulo não garante acesso à educação integral para suas crianças

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Final de ano… tempo de rever e celebrar? Não para a maioria das famílias paulistanas das periferias, pois suas preocupações estão voltadas ao futuro escolar de seus filhos e filhas e a qual organização todos terão que se submeter para garantir minimamente que as crianças consigam frequentar a escola. Sonho maior de todos é que as crianças tenham acesso há uma educação de qualidade e assim “ter um futuro melhor”, como justamente vem passando diariamente nos noticiários da TV com a divulgação de uma emocionante propaganda sobre as vantagens do ensino integral na vida dos jovens.

Quem há de questionar que para as crianças menores, tão sedentas de estímulos e potentes no desenvolvimento, tal modalidade de ensino não ampliaria de forma imensurável seus conhecimentos e perspectivas? Além desse, que é um dos maiores méritos da educação integral, outro fator importante que envolve de maneira inegável a problemática é que as famílias mais pobres necessitam deste direito, visto que, quando a escola não é integral, quem deixará de trabalhar para ficar com as crianças?

Na periferia da cidade o desespero salta aos olhos dos pais quando as crianças alcançam quatro anos e deixam de ser atendidas nos Centros de Educação Infantil (CEIs), cujo atendimento integral é de dez horas diárias, e passam para as Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs), com atendimento em meio período. Na atual gestão do prefeito João Dória, a angústia já começou antes, pois em algumas CEIs da Zona Leste as crianças de três anos já foram encaminhadas para as EMEIs.

Em 07 de dezembro de 2017, foi publicada a lista das escolas que aderiram ao programa São Paulo Integral. É vergonhoso que na cidade mais rica do Brasil apenas 102 escolas municipais tenham essa modalidade de ensino. Causa ainda mais indignação quando se constata que o mapa da desigualdade é aqui reproduzido ao se verificar que nas regiões mais periféricas, onde as crianças se encontram em situação de alta vulnerabilidade social e as famílias gastam horas do seu dia para se deslocarem aos locais de trabalho, como, por exemplo, Cidade Tiradentes, Guaianases, Lageado e Itaim Paulista, não há nenhuma EMEI em tempo integral e que toda a população dos bairros do Iguatemi, São Mateus, Sapopemba e Parque São Rafael podem contar com esse atendimento em apenas uma EMEI e quatro escolas de educação fundamental.

Tal situação mantém o alto grau de vulnerabilidade das nossas crianças, reduz, ou praticamente impede que, principalmente as mulheres consigam se inserir no mercado de trabalho em vagas que garantam melhores condições, aumentando, assim, a exclusão social.

Ligia Mendes, mãe e servidora municipal de São Paulo