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sexta-feira, 4 de outubro de 2024

A história de luta do Estádio 1º de Maio

Conhecido anteriormente como Vila Euclides, o estádio municipal da cidade de São Bernardo do Campo, o 1º de Maio, teve seu nome alterado em forma de batismo e homenagem às grandes manifestações e greves que permearam seus gramados durante o final da década de 1970 e começo de 1980.

Nesse período, marcado pelo começo da decadência da ditadura militar, implantada no Brasil em 1964, pela repressão policial e a supressão dos direitos trabalhistas e das mínimas condições de trabalho do povo, cresceu o anseio por luta e direitos trabalhistas no coração de cada trabalhador do ABC paulista. Assim, diante de um cenário totalmente nocivo ao operário, nasceu uma das maiores mobilizações do país até então.

O ABC paulista foi o grande coração da indústria nacional na década de 1970 e, devido à má administração militar das políticas econômicas do país, houve um grande aumento da inflação e da dívida externa, que impediu a melhoria das condições de vida dos operários. Isso fez com que, a partir de 1974, acontecessem diversas mobilizações por reajustes salariais, marcando a retomada dos movimentos sindicais dos metalúrgicos, suprimidos pelo regime militar.

Em 1978, o então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Luiz Inácio Lula da Silva proclama a icônica frase: “os patrões só escutariam a voz dos trabalhadores quando o barulho das máquinas cessasse”. Eclode uma grande greve dos metalúrgicos, mudando a conjuntura da época. Após essa primeira greve, as mobilizações só aumentaram, e foi durante a chegada do general João Figueiredo à Presidência, em 1979, que as linhas de produção foram paralisadas, com mais de 50 mil metalúrgicos em greve, com mais reivindicações: garantia de emprego e presença de delegados sindicais nas empresas.

O Estádio da Vila Euclides, que quando inaugurado chegou a ser chamado de Estádio Costa e Silva, em homenagem ao ditador do período militar no país, foi apropriado pelos trabalhadores em greve, que lá se reuniam para realizar gigantescas assembleias e se proteger, unidos, da forte repressão policial. No Dia dos Trabalhadores de 1979, o estádio acolheu mais de 150 mil pessoas para o evento de comemoração deste importante dia, marcando de vez o estádio com a história de luta da classe trabalhadora do ABC Paulista.

Renomeado na década de 1990 para Estádio 1º de Maio, o Estádio Municipal de São Bernardo do Campo mostra que a existência de espaços para uso do povo é necessária e importantíssima, como palco de muitas decisões e manifestações relevantes para a classe trabalhadora.

Conhecer e relembrar esse momento histórico é mostrar a relevância da luta contra a privatização desenfreada dos espaços públicos que vem sendo promovida nos últimos anos, como nos parques da cidade de São Paulo (o maior exemplo sendo o Ibirapuera, parque mais visitado da América Latina) e a força dos trabalhadores para mudar o país.

Pedro Cesar e Victor Leão, São Paulo

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