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terça-feira, 19 de novembro de 2024

Juventude perdida?

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É muito comum ouvirmos das pessoas mais velhas frases que dizem o quanto a juventude está perdida e o quão diferente era na época deles quando se toca no tema do uso de drogas. O consumo de substâncias psicotrópicas se popularizou muito nos últimos anos, e não faltam exemplos na cultura para justificar o uso delas como meio para se divertir a festa inteira, ser popular, ou esquecer dos problemas como algo positivo. Porém há poucas discussões sobre os porquês da juventude buscar tanto se entorpecer.

Nas sociedades do passado, regidas por outros meios de produção, é normal encontrar relatos e evidências do uso de ervas, algumas das quais hoje são usadas como drogas, mas para fins recreativos, medicinais, terapêuticos e religiosos. Só na sociedade capitalista, em sua fase mais caduca o imperialismo, que os frutos da natureza têm sido usados propositalmente para alienar e destruir a juventude. Desde o início desta fase mais aguçada do sistema capitalista, as potências imperialistas têm usado das drogas em diversas formas para escravizar de mais uma forma.Tomemos por exemplo a Guerra Anglo-Chinesa (1839-1842 e 1856-1860) onde o reino unido usou do tráfico de ópio para dominar o comércio chinês causando um estado de calamidade generalizado. Entre os anos de 1960 e 1970, os órgãos de inteligência dos EUA participaram ativamente na circulação de drogas como cocaína e heroína nos bairros de maioria afrodescendente, como forma de desorganizar a população e enfraquecer o Partido Panteras Negras.

Hoje, o consumo de drogas é quase sempre uma válvula de escape para a juventude que se sente cada vez mais desiludida e sem perspectivas, onde os direitos mais básicos nos estão sendo cortados e nosso povo está cada vez sendo mais explorado. A busca por sensações de prazer, alívio, felicidade, poder ainda que momentâneos impulsionam milhões de pessoas em todo o mundo a usarem diversas substâncias que vão desde álcool, ervas como a maconha e o tabaco até remédios para anestesiar animais de grande porte durante cirurgias.

Quem lucra com isso são as grandes corporações da burguesia, que lucram cerca de 16 bilhões ao ano com tabaco e 12 bilhões com álcool só no Brasil, nos colocando sempre em altas posições em consumo e distribuição de materiais, ao mesmo passo que gastamos dos cofres da saúde quatro vezes mais para tratar de problemas relacionados a esses males. No narcotráfico, o Brasil movimenta lucros na casa dos 15,5 bilhões ao ano estando a frente de países como Colômbia, Equador, República Dominicana e Argentina. Nesse jogo, o chicote sempre estrala nas costas do povo que sofre com uma das maiores populações carcerária do mundo – formadas em esmagadora maioria por jovens pretos e periféricos, vítimas de um estado policial feito para agir no interesse dos ricos e poderosos. Em outra mão, o crescente lobby pela legalização das drogas força mais uma porta para os lucros de corporações, assim como foi feito com o álcool no início do século 20.

Precisamos discutir radicalmente sobre os rumos da juventude no Brasil – num cenário onde cada vez mais jovens estão se evadindo das escolas, tendo o acesso ao ensino superior e ao emprego negados além de enfrentar problemas ligados a saúde mental. Precisamos oferecer uma alternativa: onde o sistema oferece a falsa e momentânea sensação de bem estar, precisamos mostrar a juventude que a única forma de termos dignidade, felicidade e termos nossos sonhos concretizados é construindo uma sociedade de novo tipo, onde nossa natureza não seja usada contra nós, mas a favor de nós, onde os meios de produção sejam socializados e o estado sirva ao povo. Precisamos construir uma sociedade socialista, onde todos tenham livres acesso a educação, saúde e prosperidade!

Luiza Rodrigues e Rafael Lupi

Recife, Pernambuco.

 

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