O dia 25 de julho marca o Dia de Luta da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Data de comemoração e luta, aprovada no ano de 1992, na República Dominicana, com a realização do 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe.
Para nós, brasileiras, é também dia de Teresa de Benguela, líder do Quilombo de Quariterê, no Estado do Mato Grosso. Teresa de Benguela é símbolo e referência para todas as mulheres negras que dedicam suas vidas por uma sociedade mais justa.
O Brasil é o país com a maior população negra fora da África, com quase 86 milhões de residentes com origens africanas, correspondendo a 54% dos brasileiros. Dentre esses milhões, quase 60 milhões são mulheres negras, correspondendo a mais da metade das mulheres do nosso país. Este grupo está presente em todas as regiões, sendo maioria no Norte e no Nordeste.
Num país de grande maioria negra, os padrões estéticos europeus ainda predominam nas mídias, as mulheres negras são hiperssexualizadas, as religiões de matriz africana são demonizadas. Isso não acontece por acaso. No nosso país o racismo se manifesta de forma cruel, atingindo e matando o povo negro e suas tradições culturais. Embora sejamos a maior parte da população, pilar fundamental para a produção da riqueza deste país, recebemos os salários mais baixos. Mulheres negras recebem 70% do salário recebido por uma mesma função desempenhada pelos homens brancos.
São as mulheres negras as principais vítimas desta sociedade nos índices de violência obstétrica, abuso sexual, homicídio (este último tendo aumentando 54% nos últimos dez anos). Cerca de 60% dos óbitos maternos registrados no Brasil são de pretas ou pardas.
Relembrar a história das mulheres negras é resgatar nossa luta e resistência. Elas deixaram um legado que cabe ser lembrado e seguido como exemplo: Antonieta de Barros, Aqualtune, Theodosina Rosário Ribeiro, Benedita da Silva, Jurema Batista, Leci Brandão, Chiquinha Gonzaga, Ruth de Souza, Elisa Lucinda, Conceição Evaristo, Maria Filipa, Maria Conceição Nazaré (Mãe Menininha de Gantois), Luiza Mahin, Lélia Gonzalez, Dandara, Carolina Maria de Jesus, Mãe Stella de Oxóssi, Claudia Ferreira, Marielle Franco, entre tantas outras.
Celebrar o dia 25 de julho, Dia de Luta da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, é dar um basta à situação das mulheres negras enquanto alvo da pobreza, da violência e do desemprego. As mulheres negras dirigiram insurreições, lideraram quilombos, ocuparam os partidos políticos e, em sua maioria, chefiam as famílias e garantem o sustento familiar, mas ainda nos faltam todos os espaços a que temos direito. Permaneceremos lutando no caminho do bom, do justo e do melhor do mundo!
25 de julho de 2018
Movimento de Mulheres Olga Benario
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