UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Bolsonaro vê um fantasma no Brasil, o fantasma do socialismo!

Outros Artigos

Foto: Lucas Martins – Jornalistas Livres           

No dia 1 de janeiro ficamos abismados com o discurso do fascista Bolsonaro, carregando na tinta para criticar o socialismo como se tivéssemos diante da queda do muro de Berlin, colocando o governo do PT como representante do “socialismo” e contrapondo o livre mercado, as privatizações, a competição, a concorrência e o Estado mínimo como receitas para o Brasil. Assim afirmou: “E me coloco diante de toda a nação, neste dia, como o dia em que o povo começou a se libertar do socialismo…”

A primeira deturpação é pôr o Estado até então como sinônimo de socialismo, afirmando que as políticas sociais como Minha Casa, Minha Vida, Prouni, Bolsa Família, e outros, eram socialistas. O Brasil, na verdade, é um país capitalista, que sempre sugou as riquezas, produzidas pelos trabalhadores, para o bolso dos patrões milionários, mesmo no governo do PT. Infelizmente este partido não defendeu o socialismo e ficou à mercê de empresários e banqueiros nacionais e internacionais.

O que Bolsonaro quer, na realidade, é promover a desinformação, o preconceito e demonizar o socialismo, aproveitando-se do desgaste do PT para tratar tudo como igual e descartar também a proposta do socialismo como alternativa real para o país.

O novo presidente quer ainda destruir o que resta de políticas públicas, colocando o Estado mínimo para o povo e o orçamento público servindo apenas para pagar os agiotas internacionais, fazer leis para tirar os direitos dos trabalhadores, acabar com a previdência e entregar as empresas públicas para os estrangeiros, abrindo mão da soberania nacional.

Mas por que o pavor ao socialismo se o PT disse claramente que nunca construiu o socialismo e nunca esse foi o seu objetivo?

Porque, evidentemente, Bolsonaro e sua corja são fascistas, sendo o socialismo seu principal inimigo. Nada mais natural então que eles façam de tudo para combater os verdadeiros socialistas. Isso cumpre um papel ideológico para atacar tanto os sociais-democratas, quanto os revolucionários que defendem de fato o socialismo.

Claro que no Brasil existe um forte movimento e fortes organizações que defendem o socialismo. Um exemplo é a Unidade Popular pelo Socialismo (UP), que nesse processo está se constituindo como partido formal com o intuito de defender claramente essa proposta para o país. Conseguindo o apoio de mais de um milhão e duzentas mil pessoas para sua fundação, a UP vem provando que na verdade existe um grande apoio ao socialismo.  Milhões de pessoas sabem que o capitalismo é ruim, é podre e causa sofrimentos, preconceitos de cor, gênero e classe social. Precisamos avançar na conscientização permanente do povo e sem dúvida ampliar bastante esse apoio.

Os bolsonaristas têm declarado o fim do socialismo, mas essa baboseira é apenas uma tentativa de mascararem a luta de classes que se desenvolve. O povo irá compreender, mais cedo do que tarde, que as crises provocadas pelos ricos cobram a conta somente dos trabalhadores, e que o socialismo é um caminho justo e realizável.

O pavor do socialismo não é novo, existe desde antes de 1848 quando Karl Marx afirmou que a luta de classes era o motor da História e que existiria um temor e uma aliança europeia contra o comunismo: “Um espectro ronda a Europa — o espectro do Comunismo. Todos os poderes da velha Europa se aliaram para uma santa caçada a este espectro, o papa e o tsar, Metternich e Guizot, radicais franceses e polícias alemães. Onde está o partido de oposição que não tivesse sido vilipendiado pelos seus adversários no governo como comunista, onde está o partido de oposição que não tivesse arremessado de volta, tanto contra os oposicionistas mais progressistas como contra os seus adversários reacionários, a recriminação estigmatizante do comunismo?”

Assim como no século XIX, hoje tanto Bolsonaro quanto Trump temem e amaldiçoam o socialismo.

Mas o que é o socialismo de fato?

O socialismo nada mais é que uma sociedade com produção coletiva, necessitando para isso socializar os meios de produção e com riquezas sendo distribuídas de acordo com o trabalho de cada um.  Não seriam acabadas as propriedades dos indivíduos como costumam afirmar, como se quiséssemos tomar suas casas. O que serão extintos são os grandes monopólios e o grande capital privado, para que as riquezas sejam socializadas. Estes monopólios são os verdadeiros responsáveis pelas crises, além de quererem, em conjunto com o capital financeiro, retirar os direitos de quem produz, ou seja, os trabalhadores, que são os verdadeiros donos de tudo.

O exemplo de Cuba mostra que é possível, mesmo com um pequeno Estado, ter um sistema vitorioso, porque nacionalizou suas empresas, reorganizou a produção social coletivamente e fez com que todas as riquezas fossem distribuídas proporcionalmente de acordo com o trabalho de cada um. Os cubanos têm um Estado que apenas administra as riquezas, que é de todos, colocando as prioridades em saúde, educação, moradia e produção científica, mantendo uma distribuição total e igualitária do produto social.

Cuba é um país que se libertou do imperialismo estadunidense e obteve uma gigantesca melhoria de vida para seu povo, mesmo vivendo cercado pelos EUA e sofrendo bloqueio um econômico gigantesco.

O fantasma do socialismo gera pavor no fascismo 

Passados apenas 7 dias do seu discurso, Bolsonaro e seu governo propõem uma série de medidas que representam a retirada de direitos dos trabalhadores, medidas essas que vão agravar mais ainda a crise. A reforma da previdência pretende tirar o direito à aposentadoria. Além disso, querem diminuir as leis trabalhistas, acabar a justiça do trabalho, promovendo uma exploração inimaginável. Essas perdas só atendem aos interesses dos capitalistas e do “mercado” financeiro, que têm como objetivo sugar todas as riquezas, pouco se importando com desenvolvimento nacional e com a vida digna dos trabalhadores.

Com essa política de arrocho, não serão gerados empregos. Pelo contrário, o consumo será absurdamente diminuído, proporcionalmente à redução de salários e à precarização dos empregos promovidas pela reforma trabalhista. Com isso, a crise se agravará mais e mais.

Bolsonaro pretende ainda promover a privatização das estatais, entregando um patrimônio valiosíssimo para as empresas norte-americanas. Esse governo, composto por generais antinacionais, é um mero fantoche do imperialismo norte-americano.

Na fase que nos encontramos no Brasil e no mundo, é inevitável que, por um lado, as contradições aumentem ao máximo e, por outro, a luta de classe tenha enorme papel no destino do mundo.  No Brasil, viveremos acirramentos em relação às pautas levantadas pelos fascistas, que se colocam em choque aos interesses dos trabalhadores e do povo. Por isso eles têm tanto receio de uma unidade dos trabalhadores na luta contra seu governo e, mais ainda, na unidade popular pelo socialismo.

É evidente que a farsa de Bolsonaro tem um pequeno prazo de validade. Quando resolver aprovar as medidas contrárias ao povo, vai cair e se desmoralizar o mais rápido possível. Daí o medo deles do socialismo, que tem um futuro pela frente, capaz de envolver os trabalhadores na luta por uma vida melhor.

Wanderson Pinheiro, São Paulo

Conheça os livros das edições Manoel Lisboa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes