RESISTÊNCIA E LUTA NA FORD

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Foto: Lucas Barbosa

Trabalhadores em luta fazem ato contra o fechamento da montadora Ford no ABC Paulista

Na manhã desta quinta-feira (07/03), centenas de trabalhadores convocaram um protesto no centro da cidade de São Bernardo Campo, denunciando o irresponsável e criminoso fechamento da fábrica da Ford no ABC, reivindicando os seus direitos ameaçados. Desde a divulgação do encerramento total das atividades, feita no dia 19 de fevereiro deste ano, sem nenhum aviso prévio, os funcionários não receberam até o momento nenhuma garantia por parte da empresa. Não por falta de tentativas de colaboração.

Logo após receberem noticia, ainda em fevereiro os trabalhadores da fábrica, junto ao Sindicato dos Metalúrgicos e outras forças políticas, têm tentado negociações com a empresa, que somadas aos atos e à greve, tentam manter seus empregos e garantir os direitos trabalhistas, evitando a demissão de mais de 24.000 trabalhadores, ligados direta e indiretamente à empresa.

Manoel Domingues, operador de produção, contou ao Jornal A Verdade sobre a indignação da categoria: “Eu produzo riqueza para essa empresa há cinco anos! O metalúrgico, principalmente aqui no ABC é uma categoria que luta pelo justo. Por isso o sentimento é de luta! Assim que recebemos a noticia já foi anunciada a greve e o plano de luta e de lá para cá estamos lutando sempre”. Em desabafo, o metalúrgico pontua ainda a situação de outros trabalhadores e a falta de alternativas a que estão submetidos: “Tem trabalhadores aqui que entraram nessa empresa ainda meninos, com saúde, e dedicaram toda sua vida a isso aqui. Trabalhador da Ford não tem plano b e muito menos outra fonte de renda. Nossa única renda é nosso salário, que vem da força do trabalho que vendemos para essa fábrica que agora quer simplesmente nos passar para trás”.

Além disso, são graves os impactos econômicos e sociais consequentes do fechamento desta planta da fábrica, a exemplo do riscos de demissão de trabalhadores de outras categorias, por conta do desinvestimento que pode acontecer na região. Nesse sentido, a coordenadora do Coletivo de Mulheres do Sindicato dos Metalúrgicos, Andrea Ferreira, nos disse: “O fechamento da fábrica vai impactar todos os moradores de São Bernardo, é por isso que essa não é uma luta só dos trabalhadores da Ford, mas sim de todas as famílias, trabalhadoras e trabalhadores que vivem aqui”.

A falta de diálogo e de respostas por parte da alta cúpula da Ford demonstra a falta de interesse da empresa em negociar melhores soluções aos trabalhadores. Esse comportamento, típico de grandes empresas, que visam o lucro acima da dignidade e da vida dos trabalhadores, é um reflexo do cenário que vivemos no Brasil de tempos para cá.

No Estado que temos hoje, formado por grandes capitalistas, liberais e banqueiros, a prioridade imediata está pautada em garantir lucratividade e rendimento a grandes empresas e seus acionistas, custe isso toda e qualquer mínima possibilidade de um trabalhador ou uma trabalhadora que essa escolha poderá custar.

Ainda a entrevista, o metalúrgico Manoel, reitera essa realidade:

“Esse governo que está ai não quer ajudar a gente, só quer ajudar a elite. Trabalhador luta por trabalhador e empresário luta do lado do empresário. Se for depender do Governo Federal, Estadual ou Municipal, o trabalhador da Ford está jogado às traças”.

A displicência do Governo Federal, representado pelo então eleito Presidente Jair Bolsonaro e seus Ministros, que até o dado momento não emitiram posicionamento em defesa dos empregos dos trabalhadores da Ford e suas consequências, não deixa dúvidas sobre o real caráter de seu governo, a defesa do mais ricos. Seu real interessante está direcionado aqueles que o ajudam a enriquecer as custas da pobreza e descaso do povo brasileiro.

Uma coisa é certa. Não podemos aceitar que o nosso futuro e o futuro de nossas famílias continuem nas mãos desses que nos veem com maus olhos. A decisão dos trabalhadores da Ford em abrir luta contra a decisão da montadora Ford é a única saída coerente que pode ser dada. Somente a união dos trabalhadores e a resistência popular serão capazes de manter a dignidade e a vitoria da nossa classe.

O Jornal A Verdade, ao lado do Movimento de Luta de Classes (MLC) e do Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MLB), apoiam e estão ao lado dos trabalhadores e trabalhadoras contra o encerramento das atividades totais da montadora Ford no ABC e em prol da manutenção de seus empregos.

Victoria Magalhães