O ano era 1964. Apoiadores do regime ditatorial que se instalara no Brasil ateavam fogo no prédio da União Nacional dos Estudantes (UNE), na noite de 1º de abril. Localizado na Praia do Flamengo, 132, Rio de Janeiro, a sede da UNE era um símbolo da luta dos estudantes. Ocupada em 1942, quando funcionava o Clube Germânia, ponto de encontro de nazifascistas durante a 2ª Guerra Mundial, a sede da UNE tornou-se o primeiro Restaurante Universitário do país.
O incêndio indicava a violência que a UNE sofreria durante a ditadura. Mesmo assim, os estudantes não se intimidaram e foram fundamentais na resistência, organizando a histórica Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, contra o assassinato do estudante secundarista Edson Luiz durante um protesto contra o aumento do preço no restaurante Calabouço
Com o Ato Institucional N° 5 (AI-5), os militares põem o movimento estudantil na ilegalidade, prendem centenas de estudantes, fecham a UNE e, em 1973, assassinam o presidente da entidade, Honestino Guimarães.
A luta continuou, a Ditadura perdeu força, a classe trabalhadora e os estudantes se reorganizaram e a luta pela volta das liberdades democráticas cresceu em todo país. Hoje, infelizmente, a UNE já não é a mesma. Dominada pela burocracia e pelos acordos de gabinete de sua direção majoritária (UJS/Levante/PT), a UNE está afastada dos estudantes e da luta nas principais universidades.
A UNE precisa voltar às ruas, sair dos gabinetes e ir para a sala de aula, organizar a rebeldia de nossa juventude e enfrentar a política de desmonte da Educação promovida pelo governo Bolsonaro. Honrar a história de luta da UNE e todos os estudantes que deram suas vidas pela liberdade no Brasil é tarefa urgente da juventude rebelde de nosso país.
Leonardo de Carvalho e Luiza Alves, militantes da UJR no Rio Grande do Sul