UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Reitoria da USP ataca a organização de seus trabalhadores

Outros Artigos


Mesmo com a mediação de dois parlamentares da ALESP, o reitor Vahan Agopyan mantém a postura antissindical e inviabiliza a realização do Congresso da categoria .Foto: David Mello

Os trabalhadores da Universidade de São Paulo se viram impedidos de realizar seu VII Congresso Estatutário do SINTUSP após uma decisão da Reitoria condicionar a participação dos delegados à autorização da chefia imediata e ao pagamento obrigatório de todas as horas gastas na participação no evento.

Além disso, a Reitoria fez uma distinção entre diretores, conselheiros e delegados sem cargos burocráticos, ao estabelecer que aqueles que tivessem cargos burocráticos no SINTUSP teriam suas horas abonadas e os que não tivessem necessitariam de autorização e de pagamento de horas. A decisão é inédita na história do sindicalismo na USP, mesmo incluindo os seus trabalhos como associação de trabalhadores na época da ditadura militar, e reflete o ataque que sofre as organizações de defesa dos trabalhadores na atual gestão de João Dória e Jair Bolsonaro.

O Congresso, que seria desenvolvido entre os dias 22 e 25 de abril, é a mais alta instância decisória da categoria e apresenta especial importância no momento político atual; discussões importantes como a reorganização sindical, demitidos políticos, assessoria jurídica após a Reforma Trabalhista e a forma de eleição dos seus diretores estariam na pauta.

Suas atividades vêm sendo construídas desde o final de 2018; seu calendário teve ampla divulgação e a liberação vem sido negociada desde as tratativas acerca do Acordo Coletivo, em meados do ano passado. Os delegados são escolhidos por meio de votação direta, de forma democrática, e defendem o interesse da categoria e de sua base de sustentação.

Ao longo do ano, a Comissão Permanente de Relações de Trabalho da USP retardou o anúncio das liberações e somente emitiu o ato que tratava do assunto às vésperas do feriado da Paixão de Cristo, um dia útil antes do que seria o início do Congresso. Com a liberação condicionada pelas chefias imediatas, diversas Unidades de ensino proibiram a participação de seus servidores no Congresso, alegando problemas com a continuidade do serviço público, algo que já deveria ter sido sanado se a Reitoria e seus órgãos tivessem tomado as devidas providências quando da publicação do edital do evento.

Ao longo do dia, o SINTUSP se manteve em negociação com a Reitoria e recebeu o apoio dos deputados Carlos Giannazi e Mônica Seixas, ambos do PSOL. Sob o argumento de se tratar de uma decisão “técnica”, o secretário do Gabinete Executivo afirmou que o Reitor, Vahan Agopyan, não voltaria atrás e os delegados resolveram por adiar o Congresso.

O deputado Giannazi protocolou requerimento de convocação ao Reitor para depor perante a Comissão de Educação e Cultura da ALESP. Os trabalhadores continuam mobilizados para conseguirem as liberações e, assim, poderem construir e avançar na luta dos trabalhadores da USP.

David de Mello, membro do Conselho Diretor de Base do SINTUSP

Conheça os livros das edições Manoel Lisboa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes