Ato em memória dos mortos pela ditadura militar é realizado em Pernambuco

149

O evento contou com a participação de movimentos sociais que lutam em defesa da memória, verdade e justiça a todas as vítimas do período da ditadura militar (1964-1985). 

Edielson Oliveira e Davi Lira, membros da coordenação do MLB-PE

Paulo Fernando, Sindcalçados Carpina


Foto: Taylinne Barrett

PERNAMBUCO – A Lei da Anistia, que abriu o caminho para o fim da ditadura militar, completa 40 anos em 2019, concedendo o perdão aos perseguidos políticos e permitindo que os exilados naquele período retornassem ao Brasil. Para que se exija memória e justiça, são realizados vários eventos pelo país como forma de lembrar o que foi e o que causou o período da ditadura militar.

Na Assembléia Legislativa de Pernambuco (ALEPE), na noite de 26 de agosto, a Comissão de Direitos Humanos juntamente com o Comitê Memória, Verdade e Justiça, promoveram uma sessão solene para a entrega de certidões de óbito às famílias e amigos dos assassinados durante o regime militar, comprovando a causa da morte sob tortura cometida pelo Estado brasileiro nos anos de 1964 e 1985.  

Trata-se de um ato simbólico em memória dos mortos e torturados pela ditadura militar, que contou com a participação da procuradora da República, Dra. Eugênia Gonzaga, ex-presidenta da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos (CMDP), arbitrariamente afastada do cargo por Bolsonaro após dirigir críticas às declarações do presidente em referência a Fernando Santa Cruz, desaparecido na época. O evento também contou com várias referências de luta durante o período militar, como Cajá (ex-preso político e presidente do Comitê Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco) e Gau (lutadora e sobrevivente da ditadura), além de vários movimentos sociais e família de ex-presos políticos e desaparecidos.

De acordo com o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, são reconhecidas 434 mortes e desaparecimentos durante o período militar. Ao passo que não são apurados e julgados os crimes da época, o Estado ainda legitima declarações criminosas feitas pelo ex-militar Jair Bolsonaro, quando arquiva o processo em que o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, pedia explicações das declarações feitas sobre o seu pai, Fernando Santa Cruz.

Seminários, sessões solenes e outros eventos em memória aos 40 anos de anistia são necessários para que as lembranças da ditadura militar mantenham-se vivas. Os familiares, amigos e toda a população brasileira exigem punições imediatas aos torturadores e assassinos que agiram na época: Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça, tortura nunca mais!