A UJR junto ao movimento “Desurbano” vem direcionando e organizando, através da arte, uma unidade para resistir aos ataques contra o povo.
– Matheus Abreu e Anderson Fernando, militantes da UJR-PE
PERNAMBUCO – Uma exposição de pinturas em 1996 com o nome ‘’Desurbano e Cultura’’ foi o prelúdio do que hoje é chamado “Movimento Desurbano”. Começou com o Boi de Maria Preta, que era uma oficina de música envolvendo instrumentos reciclados de latas e baldes, em Maranguape I, Paulista, Pernambuco. Além dessas oficinas, haviam apresentações promovidas pelo Boi de Maria Preta, que envolvia outros grupos e bandas do bairro, que começou a ser chamado de Movimento Desurbano. A partir de 1997, já consolidado pelo artista plástico Ivan Tavares e demais membros do Boi de Maria Preta, tornou-se referência cultural do bairro de Maranguape.
Para além do Boi de Maria Preta, Ivan Tavares e outros membros do grupo formaram a banda Yorubantus. A banda com uma forte influência do Manguebeat, por conter em sua formação membros que fizeram parte do Movimento Mangue, casou-se perfeitamente com a musicalidade do Boi de Maria Preta e tem sido um laboratório para a criação de novos artistas. Em 2019, entrou processo de gravação para o CD coletânea do Movimento Desurbano.
Este tipo de prática é necessário neste atual momento em que vivemos, pois a cultura está a cada dia ficando esquecida pelos órgãos públicos e atropelada pelas produções da grande mídia burguesa. Não só em nossa cidade, mas em todo o Brasil, a cultura está a cada dia sendo destruída como, por exemplo, a extinção do Ministério da Cultura. Dessa forma, movimentações artísticas na periferia contribuem para a resistência da cultura popular e independente. Nesse sentido, o Movimento Desurbano junto com a participação dos militantes da União da Juventude Rebelião, Matheus Abreu e Anderson Fernando, têm cumprido um papel essencial, contribuindo para o desenvolvimento da arte local.
Hoje, o Movimento Desurbano mantém sua forte influência no bairro e atua na famosa Rua Quarenta em Maranguape I, realizando todos os domingos oficina de percussão, ensaio de bandas e do Boi de Maria Preta, e produção de artes plásticas. Toda a movimentação, ensaios e oficinas resultam na realização de eventos periódicos, que torna possível popularizar ainda mais a cultura no bairro. Com isso abre-se espaço, também, para que cada vez mais, artistas locais juntem-se ao Movimento.
No dia 10 de agosto deste ano, o Movimento Desurbano realizou o mais recente exemplo de luta e resistência. A Rua Quarenta ficou pequena para receber o povo de todas as partes da região metropolitana do Recife. Com atrações de todos os gostos, que começou do Coco do Boi de Maria Preta, depois com muito hip-hop guiados pelo grupo DZ e Emerson Mil Glórias, muito passinho com o Brega Protesto, com um Punk-Rock Socialista do Subversivos, seguido de Yorubantus e fechado com Arquivo morto, banda que tem uma longa estrada no Underground em Maranguape I.
Entre as atrações houve poesias, intervenções contra o Fascismo e problemas do bairro e a divulgação de materiais independentes e do Jornal A Verdade. Desta forma o Movimento Desurbano está se consolidando na cidade, criando relações com outros movimentos e coletivos. A UJR junto ao movimento vem direcionando e organizando, através da arte, uma unidade para resistir a qualquer forma de ataque ao povo.