Trinta e dois anos após sua morte, o legado poético de Drummond segue imortalizado em suas obras.
Hoje, 17 de agosto, completa-se 32 anos da morte de Carlos Drummond de Andrade. Nascido em Itabira, cidade interiorana de Minas Gerais, foi um dos grandes protagonistas da ruptura com a métrica e escrita estrangeira adotada pela escola parnasiana de literatura. Participou ativamente das gerações modernistas de poesia nacional e de seu projeto pela valorização da cultura popular, foi o autor de um dos livros mais célebres de poesia social: A rosa do povo; e consagrou-se como o maior poeta brasileiro do século XX.
Sua morte ocorreu doze dias após o falecimento de sua filha Maria Julieta, e em 2002, foi homenageado com uma escultura pelo artista Léo Santana.
É de autoria de Drummond o poema “Carta a Stalingrado”, escrito em homenagem à vitória da União Soviética contra a Alemanha Nazista:
Stalingrado
[…]
Saber que resistes.
Que enquanto dormimos, comemos e trabalhamos, resistes.
Que quando abrimos o jornal pela manhã teu nome (em ouro oculto) estará firme no alto da página.
Terá custado milhares de homens, tanques e aviões, mas valeu a pena.
Saber que vigias, Stalingrado,
sobre nossas cabeças, nossas prevenções e nossos confusos pensamentos distantes
dá um enorme alento à alma desesperada
e ao coração que duvida.
Stalingrado, miserável monte de escombros, entretanto resplandecente!
As belas cidades do mundo contemplam-te em pasmo e silêncio.
Débeis em face do teu pavoroso poder,
mesquinhas no seu esplendor de mármores salvos e rios não profanados,
as pobres e prudentes cidades, outrora gloriosas, entregues sem luta,
aprendem contigo o gesto de fogo.
Também elas podem esperar.
[…]
Do livro Rosa do Povo (1945). In Carlos Drummond de Andrade. Poesia e Prosa. Rio de janeiro, Editora Nova Aguilar, 1983.
– Gabriela Torres, Movimento de Mulheres Olga Benario