O plano de privatização da Serpro busca segregar do povo brasileiro informações e dados oficiais verdadeiros.
Eduardo Maia
Analista de sistemas aposentado do Serpro, Rio de Janeiro.
Foto: Reprodução/SERPRO
RIO DE JANEIRO – O SERPRO (Serviço Federal de Processamento de Dados) foi criado em 1965, como uma empresa pública de informática, isto é, 100% do Estado. Seu objetivo inicial era servir ao Ministério da Fazenda, mas, com o tempo, acabou servindo também a muitos outros órgãos, não só federais, como estaduais e municipais. É uma empresa que atua em todas as unidades da federação, e é considerada a maior do setor de tecnologia da informação da América Latina.
Por ser uma empresa pública, não tem ação na bolsa de valores. Seu valor em dinheiro é difícil de ser mensurado, mas com certeza, não será com sua venda, que o governo irá diminuir a dívida pública do país.
Então por que privatizá-la? A resposta é: Informação.
O SERPRO administra, processa e mantém informações de todos os contribuintes. Essa é a grande riqueza da empresa. Essas informações são do Estado brasileiro, e não de um governo ou muito de uma entidade privada.
Privatizar o SERPRO é entregar na mão do “comprador” informações que ele poderá manipular, dando-lhe enorme poder e vantagens econômicas contra a concorrência.
Insisto: informação é uma maior riqueza, pois ela gera poder. Informações como:
- Cadastro de todas as pessoas físicas e jurídicas;
- Quanto cada contribuinte arrecada ou recebe de salário, quanto pagou de imposto, qual sua situação perante o fisco, o que ele declarou ao Leão, que bens possui, etc.;
- Se um contribuinte está sendo fiscalizado, se está programado para ser, e quem será o fiscal;
- Como está a tramitação de um processo, assim como quem o está apreciando;
- Quanto e o que um contribuinte importou ou exportou;
- Qual é o montante dos gastos públicos e como são realizados;
- Licitações, contratações e aquisições promovidas pelas instituições do governo federal;
- Esses são apenas alguns pequenos exemplos, e a explicação do porquê essa quadrilha de milicianos que se apossou do poder ilicitamente quer privatizar o SERPRO;
Fazer isso é colocar a raposa para tomar conta do galinheiro.