Assassinos de Marielle passaram pela casa de Bolsonaro horas antes do crime

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Denúncia feita por porteiro do edifício onde mora Jair Bolsonaro revela suposta relação do atual presidente com o assassinato da vereadora Marielle Franco.

Gabriela Santos, Gabriela Torres e Larine Flores
Movimento de Mulheres Olga Benario – SP


Homenagem à Marielle em ato do Rio de Janeiro. Foto: Metrô Jornal

Na última terça-feira (29), foi denunciada uma suposta relação entre o presidente Jair Bolsonaro e o assassinato da parlamentar Marielle Franco, do PSOL, em março de 2018. Segundo o porteiro que realizou a denúncia, trabalhador do prédio onde Bolsonaro reside – na Barra da Tijuca (RJ) – Elcio de Queiroz, acusado de assassinar Marielle, frequentou o condomínio do atual presidente: apesar de Bolsonaro estar em Brasília, o encontro entre os dois principais suspeitos do crime ocorreu horas antes do assassinato da vereadora, e, para entrar no prédio, Queiroz teria afirmado se dirigir à casa 58, onde reside o atual presidente da República. O caso segue em investigação judicial.

Conversas entre Alberto Moreth, o “Beto Bomba” e o vereador Marcelo Siciliano (PHS) já comprovaram o envolvimento do Escritório do Crime, milícia atuante na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no crime contra a vereadora: “Os moleques foram lá, montaram uma cabrazinha, fizeram o trabalho de casa, tudo bonitinho, ba-ba-ba, escoltaram, esperaram, papa-pa, pa-pa-pa-pum. Foram lá e tacaram fogo nela [Marielle].”, diz Moreth.

Mesmo com uma hesitação por parte das grandes mídias em acusar o presidente da república, as ligações da família Bolsonaro à milícia acionada para matar Marielle Franco e Anderson Gomes eram anteriores às alegações da testemunha do condomínio e ficam cada vez mais claras: o líder do Escritório do Crime, e ex-policial Adriano Magalhães da Nóbrega, tinha cargos para sua família no gabinete de Flávio Bolsonaro para sua mãe e sua esposa, e chegou a ser homenageado por Flávio. Nóbrega, além de ter participação no braço armado genocida, é amigo dos dois acusados do caso Marielle, Ronnie Lessa e Queiroz. Lessa é vizinho de Jair Bolsonaro, possui um nível de proximidade com a família a ponto de sua filha já ter namorado um dos filhos do presidente.

Homenagem à Marielle, em uma escadaria de São Paulo. Foto: Brasil de Fato.
Homenagem à Marielle do rapper Rincon Sapiência. Foto: Folha de São Paulo
Homenagem à Marielle da Escola de Samba Mangueira, campeã do carnaval de 2019. Foto: Correio 24 Horas

Marielle Franco foi uma socióloga brasileira, eleita vereadora em 2017, com a quinta maior votação das eleições de 2016. Defensora dos direitos humanos, denunciava os casos de abuso de autoridade e o genocídio provocado pela intervenção militar no Rio de Janeiro. Foi assassinada, junto com seu motorista, o trabalhador Anderson Gomes no Estácio, região central, no dia 14 de março de 2018.