Nota do Movimento de Mulheres Olga Benario expressa repúdio à política genocida do Estado brasileiro.
BRASIL – “Apenas em 2019, 16 crianças foram baleadas no Brasil pelas mãos do Estado. Agatha, Marcos, Victor, Leticia, Lauane, Kauã. Segundo um levantamento feito pelo Joining Forces, o Brasil é o país com maior risco de violência contra crianças e adolescentes no mundo.
Mas não é só assim que o Estado brasileiro tem matado nossos filhos e filhas. No Brasil são 17,3 milhões de pessoas com até 14 anos em situação de pobreza. 34 % vivem em lares com uma renda inferior à 350 por pessoa. 49, 7% das crianças e adolescentes brasileiros são tem acesso a pelo menos um dos direitos fundamentais, previstos em lei pelo ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, como educação, proteção contra o trabalho infantil, moradia, água e saneamento básico.
Por isso, afirmamos que o Estado mata! Mata ao negar atendimento básico de saúde. O Estado mata ao negar o acesso à alimentação adequada nas escolas. Mata ao fechar escolas ou não abri-las em alguns locais: são 8,8 milhões de crianças e adolescentes fora das escolas. Mata ao permitir o desmatamento da Amazônia. Mata ao não garantir moradia digna e saneamento básico. São 13,3 milhões de crianças e adolescentes sem acesso à saneamento e 7,6 milhões sem acesso à água e 5,9 milhoes de crianças e adolescentes sem teto.
Nossas crianças também são vítimas da violência sexual: segundo o anuário da violência, 4 meninas de até 13 anos são estupradas por hora no Brasil.
Nossas crianças estão morrendo! E não qualquer criança. Estão morrendo as crianças negras, as crianças indígenas, as crianças moradoras das periferias, aquelas que moram nos interiores de nosso país, as crianças sem teto.
Não podemos permitir isso! Nós, do movimento de mulheres Olga Benario nos solidarizamos com as mães de cada criança que estado matou, seja por bala, seja por omissão e nos comprometemos a lutar até que a todas as crianças seja garantido o direito a uma vida digna, à saúde de qualidade, educação, lazer, cultura, moradia, etc. Um Estado que precariza tanto a vida de crianças a ponto de matá-las precisa ser combatido, e é papel das mulheres serem vanguarda nesse processo. Seguimos em luta pela vida de nossas crianças!”