Uma em cada 12 mulheres receberá diagnóstico de câncer de mama no Brasil

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“O câncer de mama é a principal causa de mortes das mulheres em todo o mundo. Segundo o levantamento realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil somará aproximadamente 60 mil novos casos de câncer de mama em 2019”.

Claudiane Lopes, jornalista.


Fotos: Divulgação

SAÚDE PÚBLICA – Ser mulher trabalhadora no sistema capitalista não é fácil, imagine ser essa mulher com câncer de mama, sem plano de saúde e dependendo do sistema único de saúde (SUS), é mais perverso, ainda.

O câncer de mama é a principal causa de mortes das mulheres em todo o mundo, muitas delas padecendo da doença em estado avançado devido à falta ou ao diagnóstico ineficaz. Segundo o levantamento realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil somará aproximadamente 60 mil novos casos de câncer de mama em 2019.

O número corresponde a 28% de todos os diagnósticos da doença registrados no país. Um dos principais mecanismos de controle e identificação do câncer de mama, para além do autoexame, é a mamografia.

Segundo o INCA, todas as mulheres com mais de 40 anos devem fazer a checagem, porém quem depende de um hospital público, sabe a odisseia que é conseguir um exame desse. São poucos equipamentos na rede do SUS e as filas para esses exames se espera até anos. O câncer de mama ainda não pode ser prevenido, mas sim diagnosticado com antecedência, por isso a importância da mulher conhecer o seu corpo e notar as mudanças que ocorrem, o autoexame das mamas deve ser feito pela menos uma vez ao mês.

A descoberta de um câncer de mama provoca uma reviravolta na vida da mulher. Entre todos os medos, há que enfrentar também a possibilidade da mutilação.

O SUS “garante” todo o tratamento do câncer, oferecendo os seguintes serviços: Serviços de Cirurgia Oncológica, Oncologia Clínica, Radioterapia e Hematologia, porém a realidade é bem diferente, pois o tratamento começa a partir do momento que a mulher procurar fazer o exame de mamografia, e este exame, demora muito tempo para ser feito na rede pública, e ainda não está universalizado no país. Isso se revela na Pesquisa Nacional de Saúde em 2013, a mais recente disponível no Brasil que aponta que 3,8 milhões de mulheres de 50 a 69 anos nunca realizaram mamografia, o que corresponde a 18,4% da população feminina nessa faixa etária. O maior índice entre as grandes regiões fica no Norte (37,8%) contra 11,9% do Sudeste, que tem a menor taxa.

A legislação brasileira dá o amparo legal, como é o caso da Portaria nº 741, de 19 de dezembro de 2005, Artigo 2º que dá o direito do tratamento gratuito para o paciente com neoplasia maligna no Sistema Único de Saúde (SUS), todos os tratamentos necessários, tendo direito de se submeter ao primeiro tratamento no prazo de até 60 (sessenta) dias contados a partir do dia em que for diagnosticado.

Outra lei e portaria importante: Lei nº 12.732, de 22 de novembro de 2012, Artigos 1 e 2 / Portaria 876, de 16 de maio de 2013: Garante a cirurgia reconstrutora da mama, isto é, a mulher que em decorrência de um câncer, tiver os seios total ou parcialmente retirados, tem direito à reconstrução destes por meio de cirurgia plástica, tanto pelo SUS quando por plano/seguro de saúde privado.

Como toda lei no sistema capitalista, muito bonita no papel ou somente para quem tem recursos financeiros, na prática as mulheres pobres e na grande maioria mulheres negras que dependem do serviço público, esperam mais de 60 dias para se iniciar o tratamento. As principais queixas do tratamento na rede pública de saúde são as enormes filas de espera para marcação de uma consulta com mastologista, demora na entrega dos resultados dos exames, em especial, o exame da biopsia – exame que detecta o câncer, que dura em média 45 dias, enquanto que na rede privada é no mínimo de 15 dias que sai o resultado.

Além disso, ainda existe um espera enorme para fazer a cirurgia, à quimioterapia e até ter o direito de um leito no hospital lotado, e mais, a espera do governo contratar mais médicos para atender essa demanda da população. Toda essa morosidade faz a paciente perder mais de três meses em seu tratamento, que é essencial para salvar vidas.

Por isso, a importância de lutar por um sistema de saúde que atenda com respeito e agilidade as mulheres trabalhadoras que estão com câncer de mama, um país que desenvolva suas pesquisas cientificas para a cura da doença, e que dê gratuitamente todo o suporte do tratamento até as medicações caríssimas que algumas necessitam.

Esse modelo de saúde pública não é sonho, é real e está próximo de nós brasileiros, é o caso de Cuba, um país pequeno que, mesmo com todo o entrave do bloqueio econômico, tem avanços significativos para medicina mundial.

Recentemente, depois de 14 anos de pesquisas, Cuba descobriu uma solução antitumorais, capaz de oferecer uma dinâmica positiva em tratamentos contra o câncer. A solução de peptídeo (sequências de aminoácidos) pode atuar em zonas do corpo humano que são impossíveis de operar ou tratar com quimioterapia. Lá, a população tem acesso aos recentes avanços do tratamento e este é gratuito para toda a população, e só foi possível, porque o povo cubano fez uma revolução socialista. Assim, a luta pelo fim do câncer de mama é também uma luta contra o sistema capitalista.