Professores estão com salário parcelo há quase dois anos
Thainá Battesini Teixeira
Professora da rede estadual e militante do MLC
Foto: CPERS Sindicato
RIO GRANDE DO SUL – Os professores e professoras da rede estadual do Rio Grande do Sul enfrenta um cruel pacote de ajustes que o governador Eduardo Leite (PSDB) quer aprovar contra a categoria. Uma ampliação do ataque que já vem sendo aplicado com a reforma da previdência aprovada por Bolsonaro no congresso nacional.
Eduardo Leite tem anunciado nos últimos meses um conjunto de projetos de lei que irão promover uma profunda reforma na estrutura das carreiras e na Previdência dos servidores públicos estaduais de todos os poderes. O governador destacou que, em linhas gerais, os projetos vão propor a extinção dos avanços por tempo de serviço, o fim da incorporação de funções gratificadas à aposentadoria, dos aumentos de alíquotas previdenciárias, a implementação de um novo plano de carreira para o Magistério, entre outras mudanças.
Leite afirmou ainda que as mudanças têm por objetivo reformar a estrutura dos gastos com pessoal, que, segundo ele, representam 82% de todas as despesas empenhadas pelo Estado até agosto de 2019. O governador afirmou que não há como resolver uma crise fiscal “tão profunda” como a que o Estado vive sem diminuir as despesas com pessoal e Previdência e o aumentar a receita do governo. “Não é à toa que o governo não consegue pagar o salário dos servidores dentro da data”. Com essa justificativa, Leite vem dando continuidade à política de atraso e parcelamento dos salários dos professores estaduais que já ocorria no governo de José Ivo Sartori (MDB). Os professores e professoras estaduais estão nessa situação já faz 45 meses.
O CPERS Sindicato, realizou na última quinta-feira (14), uma assembleia geral, em frente ao Palácio Piratini como indicativo de mobilização da categoria para a greve convocada para segunda-feira. A Praça da Matriz e os arredores do Palácio Piratini e da Assembleia Legislativa foram tomados por trabalhadores da educação vindos de dezenas de municípios do Estado.
“O governador Eduardo Leite disse que não contribuímos com o pacote. Tu não pede para quem está sendo enforcado que contribua para o enforcamento. Não pede para o professor pagar o próprio salário. Não pede para o educador ajudar com a destruição e privatização da escola pública. O governador quer guerra. É greve que ele vai ter! Eles verão a maior greve que esse Estado já teve”. Com essas palavras, a professora Helenir Aguiar Schürer, presidente do CPERS Sindicato, resumiu o espírito da categoria para enfrentar as políticas do governo Eduardo Leite.
“É impensável que o Estado, após cinco anos promovendo uma brutal política de arrocho, queira cortar mais fundo na carne dos educadores e educadoras, aposentados e na ativa. O governo pretende destruir a carreira, prorrogar o arrocho salarial por anos, retirar direitos e confiscar o dinheiro dos aposentados que recebem menos”, diz uma carta assinada por diretores e vice-diretores de escolas da rede estadual encaminhada ao governador Eduardo Leite.
Após a assembleia, foi realizado na parte da tarde, com saída da sede do CPERS Sindicato até a frente do Palácio Piratini um ato em apoio ao funcionalismo público do estado com a presença dos 42 núcleos do sindicato espalhados pelo estado.
Com ampla adesão dos 42 núcleos nessa segunda, dia 18 de novembro, centenas de escolas anunciaram suas paralisações para os próximos dias, a tendência é que o movimento se consolide como uma das maiores greves dos 74 anos de história do CPERS Sindicato.
Esse é um momento histórico e decisivo para o magistério estadual. É o momento de mobilizar toda a sociedade em defesa de uma educação de qualidade no estado do Rio Grande do Sul, entendendo que os trabalhadores da educação já chegaram no seu limite e que esse governo não deixou outra alternativa senão a greve.
“Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta”
Se é guerra que o Eduardo Leite quer, é GREVE que ele vai ter!