No dia 15 de agosto o MEC nomeou Mauricio Aires como Diretor Geral pro tenpore do CEFET sob a justificativa de que houve fraude na eleição pra diretor do cefet, impedindo assim a nomeação de Mauricio Motta, Diretor Geral eleito, e realizando-se uma sindicância em sigilo, cujo prazo estipulado seria de 60 dias. Entretanto, Mauricio Aires sequer professor do CEFET é.
A maior parte da comunidade não aceitou esta nomeação do MEC e entendeu como uma intervenção política. Centenas de estudantes expulsaram o interventor no seu primeiro dia de chegada ao CEFET. Passados 60 dias de sindicância, ao fim de outubro o MEC prorroga este prazo por mais 60 dias e o interventor Mauricio Aires sai “correndo” do CEFET sem dar qualquer explicação, deixando no lugar o vice, nomeado por ele, Marcelo Nogueira, professor do departamento de Administração do CEFET; e aliado dele.
O clima atual no CEFET é de insatisfação. Por um lado estamos sob o autoritarismo do governo Bolsonaro que impõe diretotes/reitores interventores na intenção de aprovar o que bem entende nas universidades e institutos. Por outro lado esta gestão interventora do CEFET possui um carater de incompetência e corrupção por interesses individuais. Um exemplo foi um funcionário transferido do IF Goiano pro CEFET que trocou de cargo 6 vezes, pois Mauricio Aires tentou achar uma comissão gratificada pra ele, chegando a colocá-lo numa diretoria sistêmica pra receber auxílio-moradia. Os processos de intercâmbio ficaram empilhados e estudantes que vão estudar fora do país estão sem garantia de bolsas. Diversos cargos de chefia foram trocados para funcionários apoiadores da chapa perdedora nas eleições. O interventor atual realizou uma reunião do Conselho Diretor, nosso conselho máximo, fora do próprio CEFET, com medo de uma manifestação ocorrer durante a reunião, deixando bem claro o quanto se isola e tem medo da comunidade acadêmica.
Somando-se a isso, CEFET estava com seu registro no SISU pendente e desatualizado. Todas as instituições de ensino superior do país precisam atualizar seus registros e submeter oferta de vagas de graduação, até dia 14 de novembro, para que os estudantes que fizeram ENEM possam se inscrever nos cursos pelo SISU. Porém, o DCE publicou uma denúncia em seu Instagram e facebook, rendendo mais de 6000 visualizações e sensibilizando a comunidade. Em resposta à pressão da comunidade e do DCE. O interventor entrou em contato com um funcionário da gestão passada que sabia fazer o preenchimento das planilhas para resolver a pendência. Apesar de resolver o problema, isto demonstrou a incapacidade técnica da sua própria equipe.
O CEFET, se desatualizado, corria o risco de não ofertar as vagas pelo SISU e ter de realizar um vestibular próprio, que demandaria tempo, dinheiro e estrutura, ou terá de fazer um sistema próprio que utilize as notas do ENEM, fazendo muita gente não conhecer o CEFET como instituição de graduação. No pior caso, não, ficaríamos alunos novos no ano que vem. Resta esperar que o trabalho realizado nesta semana tenha resolvido o problema
Entende-se que o ensino superior corre um perigo ainda mais forte com projetos como o Future-se, uma intenção clara do governo de privatizar o ensino superior. Por isso, no momento atual, o Diretório Central dos Estudantes do CEFET realiza junto ao diretor eleito não-empossado, a estudantes, técnico-administrativos e professores uma campanha de denúncias contra a intervenção e mobilização, entendendo que só a união da comunidade acadêmica salvará o CEFET, seus projetos, ensino, pesquisa e autonomia das garras deste governo, honrando nossa história centenária.
Christian Vincenzi, presidente do Diretório Central dos Estudantes do CEFET/RJ