O desmonte da pesquisa científica no Brasil

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Na semana passada (24), Bolsonaro indicou Benedito Guimarães Aguiar Neto, um defensor exacerbado do cristianismo para ser o novo presidente da Capes, maior órgão de fomento da pesquisa brasileira.

Laura Passarella e Leonardo Chicarolli


Foto: Marcos Corrêa/PR

SÃO PAULO – Desde o início do Governo Bolsonaro, as universidades públicas e a ciência brasileira vêm sendo duramente atacadas através de sucessivos cortes no orçamento das universidades, nas bolsas pesquisa e uma “tentativa” de fusão entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Desde então, estudantes e os outros setores acadêmicos ocuparam as ruas para se opor aos atos de “balbúrdia” desse governo fascista.
Mal o ano se inicia e o desmonte da ciência e tecnologia se aprofunda. No dia 24 de janeiro, sexta-feira, o governo Bolsonaro indicou o reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Benedito Guimarães Aguiar Neto, para ser o novo presidente da Capes.

Essa indicação demonstra os interesses políticos desse governo, uma vez que Benedito é contemplado pela bancada evangélica e defende de maneira exacerbada o ensino do cristianismo como “contraponto às teorias da evolução de darwinista”. O então novo presidente do órgão de fomento já discursou sobre ser favorável o ensino do Design Inteligente nos ensinos básicos – nome ao qual ele batiza o estudo teológico da origem do universo, o criacionismo.

A Capes é uma das principais agências de fomento à pesquisa no País, ter como presidente Benedito, mostra a visão que o governo tem acerca do nosso desenvolvimento nacional: fundamentalismo religioso como moral e privatização de tudo que é do povo.

Bolsonaro faz essa nomeação também com o intuito de uma maior articulação do ensino superior particular. Este fato, somente demonstra o descaso que esse governo faz com a ciência e tecnologia brasileira a serviço do povo, e tambeḿ, como a real intenção é fortalecer a educação privada em detrimento do ensino público.

Esses ataques terão como resultado o fim do desenvolvimento científico nacional e, por consequência, uma ciência cada vez mais voltada ao setor privado. Não podemos aceitar que esse processo de desmonte continue e seja aprofundado pelo Governo Bolsonaro, que já demonstrou ser inimigo da Universidade Pública e da Ciência & Tecnologia brasileiras. É urgente nos organizarmos para defender a educação, a ciência e a tecnologia de nosso país.