Reportagem anexada na edição 223 do jornal impresso, página 10.
Camila Félix
Foto: Jornal A Verdade
BRASÍLIA – Aconteceu no dia 13 de novembro o 2º Encontro Nacional de Mulheres do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica Profissional (Sinasefe), fruto da necessidade de debater a atuação política sindical das mulheres, suas condições de vida e formas de garantir seus direitos. O evento contou com a participação de 242 mulheres, representantes de diferentes estados do Brasil, sob o tema “Vivas, livres e resistentes.”
O Sinasefe é a entidade nacional que representa os institutos federais de educação básica, profissional e tecnológica e demais locais como Cefets, Colégios Militares, Ex-Territórios, Colégio Pedro II, Ines e IBC.
No Brasil, a trajetória das mulheres no movimento sindical é marcada por tímidos avanços. O espaço das mulheres nas entidades toma forma em uma política de cotas de 30% nas direções sindicais, instituída na década de 1990 a partir de um congresso da então Central Sindical Brasileira. No Sinasefe, o avanço na luta tem sido observado pela aprovação de teses, em seus congressos, que aprovam a paridade de gênero em cargos de gestão. No entanto, ainda percebe-se que inúmeras seções não conseguem garantir suas representações femininas e não formam as pastas de Políticas para as Mulheres.
O Sinasefe, Seção IFBA, que teve sua pasta de Política para as Mulheres instituída em julho de 2019, com a gestão eleita 2019-2021, se fez presente com a maior delegação do Brasil: 29 lutadoras de diferentes cidades da Bahia como Camaçari, Barreiras, Brumado, Jacobina, Jequié, Paulo Afonso, Porto Seguro, Salvador, Santo Antônio de Jesus, Seabra e Simões Filho. A seção contou com a participação de professoras, técnicas e aposentadas e foi pioneira ao garantir duas terceirizadas, Luciana (campus Salvador) e Rita de Cássia (campus Simões Filho), conforme deliberação do primeiro encontro. “Este foi um momento ímpar na minha vida. Torço para que todas as terceirizadas possam ser liberadas do trabalho para estarem na luta. Quero estar na guerra pelos nossos direitos, pois me sinto muito feliz e quero aprender cada vez mais”, afirmou Rita.
O evento teve quatro Grupos de Trabalho (conjuntura nacional, atuação política e sindical da mulher; mulher, raça e classe: mulheres negras e indígenas; mulheres LBT: gênero, sexualidade, visibilidade e representatividade; violências: do assédio ao feminicídio.
A socialização dos debates dos Grupos de Trabalho (GTs) foi de grande importância. Neste sentido, chamou a atenção a professora doutora Marlene Socorro, mulher negra, ativa na luta e sindicalizada desde a fundação do Sinasefe, em 1990, na Bahia.
Como fruto dos debates foram deliberadas importantes ações, entre elas, a moção de apoio à nomeação e posse da reitora Luzia Mota, eleita, em dezembro de 2018. A professora é doutora em Difusão do Conhecimento e atua como professora de Física do IFBA. Em sua fala durante o encontro, ela foi aclamada, sinalizando a importância da luta da mulher negra, sindicalizada e militante por uma sociedade mais justa.
As Mesas Debateram Com Muita Riqueza
Enquanto acontecia o Encontro de Mulheres, a Embaixada da Venezuela era invadida e cercada por aproximadamente 20 pessoas uniformizadas em apoio a Juan Guaidó, autoproclamado presidente do país, que fizeram com que o corpo diplomático se encontrasse em situação de cárcere, sendo impedido de entrar ou sair da área da embaixada. A ação, ao que tudo indicava, era orquestrada com o objetivo de trazer repercussão ao início do encontro do BRICS, que reuniu chefes de Estado do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Neste sentido, foi aprovada uma moção de apoio à Venezuela, com a ida de 30 participantes à embaixada, mulheres com bandeiras e gritos de guerra.
Para encerrar o Encontro de Mulheres, o Sarau Voz em Rede foi embalado ao som de “Se cuida, se cuida, se cuida seu machista, a América Latina vai ser toda feminista! Se cuida, se cuida, se cuida seu fascista, a América latina vai ser toda socialista”, além de ciranda e muita alegria.
33º ConSinasefe
No dia 14 de novembro, iniciou-se o 33º Congresso do Sinasefe (Consinasefe) e parte das mulheres do encontro continuaram em Brasília como delegadas, suplentes e observadoras. O congresso contou com a votação das teses de Conjuntura, Plano de Lutas e Combate a Opressões e de Alteração Estatutária e teve como ápice a desfiliação da Central Sindical e Popular Conlutas.
Durante o ConSinasefe, houve apresentação do MLC e da UP na plenária, distribuição de panfletos, venda de 70 jornais A Verdade e uma reunião com cerca de 20 pessoas para apresentação do Movimento. Este foi o primeiro encontro com a representação da delegação do MLC dos Estados de Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.