UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quarta-feira, 24 de abril de 2024

A liquidação do século

Anisah Campinas, Rio de Janeiro.

Nos últimos dias de janeiro de 2020, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump se reuniu na casa branca com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu para discutir o que denominaram como o “acordo do século” (em inglês “deal of the century”) que nada mais é que um plano de anexação de mais terras palestinas ao Estado ilegítimo de Israel e imposição de táticas de controle na região. O plano foi desenhado sem nenhum representante e palestino e nenhuma consulta aos principais representantes do povo palestino, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e o Hamas e atende sobretudo às necessidades políticas de Trump e Netanyahu, ambos enfrentando processos nos seus respectivos países e enfraquecidos na região em consequência do covarde e desastrado assassinato do general iraniano Qasem Soleimani que promoveram em 3 de janeiro deste ano.

Mapa mostra como depois de guerras contra o povo palestino, Israel e os EUA foram pouco a pouco tirando todo pedaço de terra da Palestina histórica.

O presidente estadunidense diz buscar uma suposta “solução de dois estados” que leve a paz para região, enquanto na prática contraria todas as possibilidades neste sentido. Todos os governos estadunidenses anteriores rejeitaram o plano de partilha da ONU de 1967 para região que estabelecia dois Estados, sendo 43.5% do território palestino e 56.5% israelense. Nessa nova divisão proposta por Trump, o Estado Palestino ficaria com apenas 15% do território, não contendo nenhum porto ou aeroporto e sendo todo cercado por território e bases militares israelenses.

O acordo proposto estabelece medidas absurdas, como: 1) reconhecer Jerusalém como capital de Israel, em desrespeito às resoluções 476 e 478, de 1980, da ONU; 2) manutenção de praticamente todas as terras conquistadas pelos israelenses nas diversas guerras contra os palestinos desde 1948; 3) negação do direito de retorno para os mais de 5 milhões de palestinos expulsos de seu país por Israel, os quais, além de não terem o direito de morar no novo Estado palestino a ser criado, perderão o status de refugiados; 4) total soberania israelense nos assentamentos ocupados ilegalmente na Cisjordania (território palestino), que representam cerca de 30% da região, além de reconhecer a anexação das colinas de Golã, tomadas da Síria na guerra de 1967; 5) Israel manteria o controle militar sobre o Vale do Rio Jordão e da costa do Mediterrâneo que banha a Faixa de Gaza, território palestino; 5) boa vontade de Israel em criar um “caminho para a criação de um Estado palestino” em quatro anos, condicionado ao desarmamento unilateral do Hamas e do movimento Jihad Islâmica.

Plano de destruição da Palestina proposto por Donald Trump no início do ano.

Tal proposta de acordo além de contrário ao direito internacional e às resoluções da ONU, é humilhante para os palestinos ao estabelecer objetivos inaceitáveis que asseguram total controle militar de Israel sobre todo o território palestino. O povo árabe-palestino vive na região há milhares de anos, tendo sofrido e vencido as Cruzadas (1095-1272). Desde 1948, entretanto, quando começou a grande catástrofe (Nabka, em árabe), a maioria dos palestinos vem sendo morta ou expulsa de suas casas, em sucessivas guerras de conquista israelense (1948, 1967, 1973), além d do estabelecimento ilegal de colônias na Cisjordânia e de um regime de apartheid estabelecido por Israel. Tal situação é garantida por meio de prisões, torturas e assassinatos cotidianos de palestinos pelas forças armadas de Israel, que constituem uma ação permanente de limpeza ou faxina étnica.

Numa demonstração vergonhosa de servilismo, o governo Bolsonaro declarou apoio ao plano de Trump e Netanyahu É necessário que todos os trabalhadores deem todo apoio à causa palestina, formando uma ampla solidariedade internacional capaz de frear os planos imperialistas e sionistas. Não cabe ilusões, as armas e métodos desenvolvidos para assassinar palestinos são usados para matar os jovens negros das periferias das cidades brasileiras.

Outros Artigos

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes