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Por Felipe Vieira de Galisteo
BRASIL – Mais uma vez o governo fascista de Jair Bolsonaro aponta suas garras contra os trabalhadores enquanto lambe as botas do sistema financeiro. No mesmo dia em que anunciou a Medida Provisória (MP 927) que permitia às empresas a suspensão do pagamento de salários por 4 meses em plena epidemia do coronavírus – revogada em parte depois das intensas críticas recebidas – o Banco Central do Brasil (BC) anunciou liberação de recursos para os bancos privados que, somadas a outras ações governamentais, podem causar um impacto que beira à casa do trilhão na economia brasileira.
Entre as principais medidas para o mercado financeiro, está a liberação adicional de R$ 68 bilhões em depósitos compulsórios, sendo que em fevereiro já ocorrera a liberação de R$ 135 bilhões com o mesmo intuito, totalizando R$ 203 bilhões só nesse quesito.
Segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, as medidas visam permitir que os bancos privados tenham ainda mais dinheiro em caixa e diminuam as incertezas dos agentes do mercado, incertezas essas – e isso ele não explica – que na verdade são formas dos agentes do sistema financeiro especularem sobre onde apostar suas fichas no sobe e desce da bolsa de valores em tempos de crise, enquanto os trabalhadores seguem produzindo as riquezas do país para serem sugadas por meia dúzia de bilionários.
Na prática, as medidas do governo significam que os bancos terão mais dinheiro para gerar novos empréstimos aos seus clientes, podendo esses substituir dívidas velhas por novas. Em tempos como esse em que vivemos, isso é bastante lucrativo para os banqueiros: enquanto os trabalhadores tem reais chances de terem não apenas seus salários cortados ou até mesmo suspensos, mas também de ver crescer o aumento do desemprego, a busca por empréstimos bancários aumentará consideravelmente, porque o desespero para não passar fome e manter as contas de casa em dia bate com força na porta de cada trabalhador.
Vale lembrar que isso ocorre no mesmo momento em que os juros cobrados pelos bancos subiram de forma acelerada, apesar de uma nova redução na Selic, taxa básica de juros da economia, que reduziu de 4,25% para 3,75% ao ano. Isso quer dizer que o governo oferece dinheiro aos bancos para eles terem mais dinheiro para realizarem novos empréstimos e assim ganharem ainda mais dinheiro com as altas taxas de juros e ainda por cima venderem na mídia tradicional a ideia de que essas são medidas boas para a economia.
Tudo isso ressalta o erro sistemático cometido pelos analistas liberais, que sempre afirmam que com a redução da taxa Selic os juros bancários caem (o que não se viu na prática), mas nunca assumem que na realidade o sistema capitalista está em colapso e todas as medidas econômicas promovidas pelo estado brasileiro nos últimos anos sempre visaram alimentar o monstro do capital financeiro, cada vez mais sedento em esgotar os recursos nacionais. Prova disso são a reforma trabalhista e a da previdência, que não apenas não resolveram os problemas econômicos, que só aumentam a cada dia, como jogaram o trabalhador brasileiro no abismo da informalidade e da ausência completa de seguridade social, obrigando-nos a trabalhar até a morte.
Não bastasse esse descalabro, e apesar do recuo de Bolsonaro em relação à criminosa MP 927 – que ele “jura” ter assinado sem ler – a mesma ainda mantém alguns itens extremamente violentos contra o povo trabalhador, como mostra muito bem a reportagem do jornal A Verdade: “Bolsonaro muda MP mas patrão ainda pode cortar salários”.
Esses fatores revelam que as ações de Bolsonaro e Paulo Guedes a partir da chegada do coronavírus ao Brasil visam atacar ainda mais o povo trabalhador e salvar apenas os ricos; enquanto o governo não promoveu uma mísera ação para dar guarida social às pessoas mais pobres, – pelo contrário, até cortou recursos da Bolsa Família – Bolsonaro e Guedes seguem bancando o capital financeiro com todos os benefícios possíveis, retribuindo assim o apoio recebido dos bilionários parasitas que sugam o nosso país. Ou seja: esse governo de fato só se mantém no poder por representar os interesses dos banqueiros, dos grandes empresários e do agronegócio, colocando em prática o mais cruel pacote de maldades já visto contra a classe trabalhadora em toda a história.
Dito de outra forma: na luta de classes brasileira, os fascistas dobraram a aposta e partiram para o confronto de forma ainda mais escancarada contra os mais pobres, e não temem dizer coisas como “não importa que 5 ou 7 mil morram, mas a economia não pode parar”, como disse o dono do restaurante Madero, apoiador de Bolsonaro, sem um pingo de vergonha ou remorso na cara.
Sendo assim, que multipliquemos então a nossa luta!
Se é fato que o coronavírus não se tornou apenas uma desculpa para a derrocada econômica, mas uma nova arma da política genocida de Bolsonaro e Guedes contra o povo, também é fato que a insatisfação e revolta da população contra o governo é crescente e esse mesmo coronavírus escancarou a ineficiência do sistema em que vivemos. Mas para derrotar tanto o vírus quanto o fascismo, não bastará apenas aguardarmos em quarentena. É preciso organizar de todas as formas e urgentemente a luta popular, através de greves, paralisações e da construção de brigadas populares de solidariedade, cuidando dos mais vulneráveis enquanto paralelamente construímos o levante popular que colocará fim imediato ao governo Bolsonaro.