Foto: Rodrigo Oliveira
Por Lorena Pires
Rio de Janeiro
Em momentos de crise, as contradições e desigualdades do sistema capitalista se revelam da forma mais violenta. É o que estamos vivendo agora em meio à pandemia do COVID-19, quando fica claro que a população pobre está mais exposta ao vírus.
Grande parte dos movimentos populares que surgiram na história nasceram de uma profunda crise de aprovação popular a este modelo econômico que cruelmente ignora a enorme quantidade de demandas surgidas na sociedade e as deixa desatendidas em benefício do lucro de uma pequena minoria. Por esse modelo ter se provado incapaz de garantir o mínimo para manutenção da vida, especialmente da classe trabalhadora, o único caminho para atendermos nossas reivindicações coletivas e protegermos nossa saúde e vidas é nos unindo aos que também são prejudicados por esse sistema de exploração e sofrem as suas consequências.
A moral dos trabalhadores é, sem dúvidas, solidária. Os trabalhadores compartilham além de seus conhecimentos e energias, o pouco que possuem para contribuir à causa comum. Por isso, trabalhadores, estudantes e o povo pobre devem estabelecer redes de solidariedade e colocar-se a serviço da luta pela vida de nosso povo.
Exemplo histórico e inspirador de solidariedade proletária é a Revolução Socialista de Outubro de 1917, na Rússia: vitória memorável da classe operária russa que, por meio de uma forte aliança com os camponeses e sob a direção de Lênin e Stálin, tirou à força o poder dos capitalistas e iniciou um governo do povo, convertendo as fábricas, ferrovias, terras e bancos em propriedade comum, acabando com a exploração do homem pelo homem e servindo de estímulo à luta dos povos por sua libertação.
Além de emular o movimento operário mundo afora, inclusive no Brasil, a vitória soviética nos deixou a lição de que é possível pensar e participar da construção de uma sociedade coletiva, que se edifique a partir dos interesses da classe trabalhadora e em que a democracia ultrapasse sua atual forma limitada aos processos eleitorais e se estenda à participação direta do povo nas decisões que beneficiem a coletividade.
Diante da crise intensificada pelo coronavírus, Bolsonaro declarou guerra aos pobres e, em vez de reforçar políticas de assistência social, cortou o Bolsa Família de mais de 158 mil pessoas. De antemão, já estamos sofrendo com as consequências de diversas medidas cruéis adotadas anteriormente pelo governo Bolsonaro, sendo a principal o sucateamento do SUS. Pequenos municípios, bairros e favelas sentirão com mais intensidade o fim da parceria com Cuba por meio do programa Mais Médicos, que assistia esses locais com pouca atenção pública.
Bolsonaro, em seus pronunciamentos e medidas, não tem priorizado a saúde dos mais pobres, como moradores de rua, trabalhadores informais, camelôs, entregadores de aplicativo, etc. Por esse motivo, sabemos que não podemos contar com esse governo para proteger nossas vidas. Devemos depositar nossas esperanças na classe trabalhadora e no seu potencial. Só assim criaremos as redes de apoio e solidariedade que permitirão a construção de uma sociedade nova, fundada a partir dos interesses do povo, em que o Estado deixa de ser uma instituição acima da sociedade, transformando-se em um instrumento ao seu serviço e por ela controlado.