Por Wanderson Pinheiro
Dando continuidade aos planos imperialistas contra a soberania das nações da América Latina, Donald Trump coloca em ação um plano militar contra a Venezuela que envolve navios de guerra da Marinha, aeronaves de vigilância com Sistema Aéreo de Alerta e Controle (AWACS, sigla em inglês) e forças especiais terrestres. Estas tropas se aproximarão da Venezuela e poderão fazer o bloqueio, até então econômico, se transformar em um bloqueio militar, físico. Caso isso ocorra, será uma declaração de guerra contra esse país, que estará cercado militarmente.
Trump e os meios de comunicação da burguesia fazem uma grande operação midiática na qual dizem que o presidente Nicolas Maduro e o governo venezuelano estariam associados ao narcotráfico. Mas, além de não apresentarem prova nenhuma, promovem um verdadeiro show, oferecendo US$ 15 milhões para quem der informações sobre Maduro e seu governo.
A acusação absurda, veio quando ocorreu, no território colombiano, a apreensão de um arsenal de armas dos Estados Unidos que seria entregue a mercenários venezuelanos. Investigações feitas pela Venezuela, revelaram um plano para um ataque “cirúrgico” que assassinaria Maduro, sua família e os principais ministros do governo. A real versão veio tona no dia 26/03, quando o ex-militar Cliver Acalá se pronunciou publicamente nos meios de comunicação, desde a cidade de Barranquilla na Colômbia, afirmando que seria o chefe da devida operação militar e que as armas teriam sido compradas por ordem de Juan Guaidó para serem utilizadas em uma operação militar com o objetivo assassinar Maduro.
Foi esclarecido ainda por Acalá que a compra se deu por meio de um contrato assinado por Juan Guaidó, que assinou como chefe de governo autoproclamado, assessores estadunidenses e Juan José Rendón, assessor do presidente colombiano Iván Duque[1]. Fica assim configurado um pacto paramilitar promovido por Trump, Iván Duque e um grupo de mercenários venezuelanos contratados por Guaidó, o capacho dos Estados Unidos. A operação era, portanto, financiada pelos EUA, mas com a dívida sendo assumida por Guaidó, que pagaria não só esta dívida, mas também entregaria os campos de petróleo e a soberania da Venezuela.
Agora, os EUA dão a velha cartada do “combate ao narcotráfico”, sendo essa a “ameaça transacional” usada para promover guerras “preventivas” que passam por cima da ONU e das leis internacionais. A questão é que fracassaram com a opção de golpe militar e agora querem promover o cerco naval e estrangular econômica e materialmente a nação venezuelana. A prova, que o único objetivo dos EUA é colocar no poder um subserviente seu, é dada pelo Secretário de Estado Mike Pompeo ao afirmar a disposição dos EUA de suspender as sanções impostas ao regime Nicolás Maduro em troca de um governo de transição: “Se todas as condições fossem cumpridas (…), todas as sanções seriam suspensas”, disse o secretário.
No dia 13 de fevereiro de 2019, o Governo Revolucionário de Cuba fez uma contundente denúncia de que os EUA preparavam uma agressão militar à Venezuela sob o pretexto de “ação humanitária”, naquele momento. Mas, relatavam ainda que os EUA promoveriam uma aproximação militar da Venezuela com porta-aviões indo para Porto Rico e República Dominicana e transportando unidades de Forças de Operações Especiais e da Infantaria da Marinha. Assim, fica claro que os planos de agressão não são de hoje, tendo o combate ao narcotráfico apenas como mais um pretexto. Inclusive porque o maior produtor mundial de cocaína é a Colômbia, principal aliado dos EUA, e que juntos nunca combateram o narcotráfico.
A ação violenta se torna ainda mais grave nesse momento em que a América Latina busca combater a Covid-19. O caso recente mais grave ocorreu em Guayaquil/Equador, onde somente lá morreram mais de 700 pessoas em apenas 2 dias e o governo teve dificuldade inclusive para remover os corpos. Assim, o que os países necessitam é de apoio internacional, que deveria ser posto em ação pela ONU e seus órgãos de direitos humanos. Mas, ao invés disso, é promovida uma ação militar que deixa clara a falência da ONU, pois ela fica muda e cúmplice de um provável atentado fascista contra a Venezuela.
Evidente que o objetivo geopolítico imperialista dos EUA está relacionado com o domínio das fontes de petróleo da Venezuela. Na crise do coronavírus o petróleo demonstrou-se, mais uma vez, um forte mercado em disputa pelos monopólios, com a Rússia e Arábia Saudita promovendo uma enorme guerra comercial e a China buscando ter domínio de fontes cada vez maiores, tanto na América Latina quanto na África. Do ponto de vista mais amplo, também está relacionado com a guerra comercial e por zonas de influência, entre a China e os EUA, que disputam, palmo a palmo, todo planeta. Assim, tanto os novos golpes que ocorreram na América Latina, como a tentativa de derrubada dos governos reformistas, são reações agressivas do imperialismo estadunidense contra a perda de áreas de influência para a China na região.
Assim, a possível agressão à Venezuela pelo imperialismo estadunidense faz parte das contradições interimperialistas desse período de crise econômica profunda, onde existe a ameaça de uma quebra da economia global, só ocorrida nos anos de 1930, antes da 2a Guerra Mundial. No entanto, a agressão agora é posta pelos EUA, que tem um governo fascista e pretende desenvolver o fascismo a nível mundial. Eles também como um dos objetivos da agressão, coesionar a opinião pública norte-americana no eixo do nacionalismo, fascista, racista e xenófobo, visando as próximas eleições. Por isso, o governo fascista do Bolsonaro também apoia a invasão da Venezuela pelos EUA, pois também aposta na saída da ditadura no mundo, não podendo ser subestimado.
Em outras ocasiões, soldados se reuniram para demonstrar fidelidade ao povo venezuelano e repúdio ao ataque dos EUA
Porém, nada disso ocorrerá sem a luta do povo e dos trabalhadores da América Latina. O povo venezuelano vem dando inúmeras demonstrações de que não pretende baixar a cabeça ao imperialismo estadunidense e que pretende defender sua soberania e autodeterminação enquanto nação independente. Cremos que cabe somente ao povo trabalhador desta nação definir o seu destino e fazer qualquer mudança no regime econômico ou político do seu país. Têm o direito inclusive de construir o socialismo pelo qual tanto lutam e se sacrificam, tendo este como a melhor opção diante da crise em que se encontram. Temos a obrigação de prestar toda nossa solidariedade, e fazermos no nosso país a luta contra o imperialismo, nos pautando pelo internacionalismo proletário.
A possibilidade de uma invasão é real nesse momento e deverá ser combatida a nível continental por todos os povos, que devem travar uma batalha dura na luta contra o imperialismo. Devemos exigir a paz para o povo venezuelano, mas compreendendo que eles podem ter que reagir a uma agressão desumana e bestial dos EUA. Portanto, devemos dizer um grande basta as agressões imperialistas à Venezuela, defender a soberania das nações Latino Americanas e o direito à autodeterminação dos povos.
FORA TRUMP DA AMÉRICA LATINA!
ABAIXO O IMPERIALISMO!
PELO PODER POPULAR E O SOCIALISMO!
[1] Veja a entrevista dada por Cliver Acalá em Barranquilla, Colômbia, a uma rádio. https://www.youtube.com/watch?v=__S9yxlH4as