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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Em resposta à pandemia, Mutirão do Bem Viver cria rede de apoio a famílias vulneráveis

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Fotos: SBVFoto: SBV

Por Sociedade do Bem Viver

Construir uma grande rede de solidariedade, conectando pessoas do campo, da floresta e da cidade em todo o país. Isso é o que o “Mutirão do Bem Viver em resposta à pandemia” está fazendo para minimizar o impacto da quarentena na vida de algumas famílias brasileiras. Nos últimos quatro finais de semana, o projeto, a partir de doações de dinheiro em uma vaquinha e de doações físicas, já distribuiu mais de 600 cestas agroecológicas – acrescidas de alimentos não perecíveis e produtos de higiene – para comunidades precarizadas. Entre os beneficiados estão moradores em situação de rua, assentamentos, favelas, ocupações urbanas e rurais, territórios tradicionais, quilombolas e indígenas de oito localidades do Brasil (RS, SC, PR, SP, RJ, MG, GO e DF).

Criado pela Sociedade do Bem Viver, organização presente em sete estados e no Distrito Federal, o mutirão pretende fortalecer grupos que não possuem colchão de reserva econômica, de bens básicos e de alimentos para suportar as dificuldades impostas pelo isolamento social. Com a ajuda de voluntários, a projeção é que o movimento alcance territórios em todos os estados do país. As cestas são adquiridas de agricultores familiares, com recursos da vaquinha online lançada em 27 de março, e complementada com produtos doados pela sociedade civil.

Com esse movimento, é possível contribuir com as condições de sobrevivência daqueles mais afetados pela pandemia. De um lado agricultores familiares da reforma agrária ou de pequenas hortas urbanas e periféricas e povos indígenas que precisam escoar sua produção. De outro, pessoas que já vivem em condições sociais precarizadas e que vêm os problemas se aprofundarem nesse momento de crise.

Larissa Barrozo, potencializadora do grupo em Brasília, explica que o projeto emprega forças na construção de outras formas de se relacionar com a comida e com a natureza, apostando na autonomia e na segurança alimentar. “Também se pensou em possibilitar às famílias alimentos sem veneno e feitos sem exploração, já que geralmente o acesso é a alimentos industrializados, baratos e produzidos por empresas que destroem o planeta”, disse.

Ações coletivas

Os territórios contemplados são escolhidos com base em um formulário online (http://bit.ly/MutiraoBVTerritorios), que pode ser preenchido por qualquer comunidade com sinais de fragilidade financeira e de falta de abastecimento. A ideia é compreender melhor as condições sociais e de infraestrutura desses locais e priorizar os que se encontram em situação de emergência.

As famílias agricultoras também podem se inscrever para fornecer seus produtos. A intenção é focar na compra de alimentos agroecológicos sem uso de veneno e, preferencialmente, produzidos em sistemas agroflorestais. Dessa forma, se contribui com a regeneração dos biomas e com a saúde das pessoas por meio da alimentação.

Para ganhar força, o projeto também está recebendo interessados em participar das ações como voluntários. As funções vão desde a entrega de cestas até a criação de material de comunicação. Com poucos dias de campanha, mais de 600 pessoas, de diversos estados, se inscreveram pelo formulário (http://bit.ly/MutiraoBVVoluntarios). A partir dessa ação coletiva, o mutirão planeja chegar a cada vez mais comunidades, tornando-se um grande movimento coletivo pelo bem comum.

Há outras formas de contribuir com o projeto: por meio de doações de alimentos e de itens de primeira necessidade e pelo já citado financiamento coletivo. A campanha possui metas graduais e na primeira semana arrecadou mais de R$ 50 mil. Em Santa Catarina, a liderança e agricultora indígena Mbya Guarani Kerexu, comemora: “Quando sei que esse alimento está chegando a outras famílias, desde pessoas com mais idade até às criancinhas, eu fico imaginando a riqueza, o sorriso e a saúde chegando até elas”.

Bem Viver

A ação solidária em resposta à pandemia irá perdurar até o fim do isolamento. Após o término dessas medidas, o projeto vai iniciar a sua segunda fase com a construção de cozinhas e de hortas comunitárias em alguns desses territórios. Parte dos recursos da vaquinha está reservada para a construção destes espaços. A intenção é se transformar numa rede de solidariedade permanente.

O horizonte é a construção de uma “sociedade do bem viver”, que busca o fim de todo tipo de exploração, opressão e destruição do planeta, criando novas formas de se relacionar em comunidade. De acordo com Larissa, “o grupo deseja uma nova sociedade, a partir da percepção de vida dos povos da América do Sul que vivem em harmonia com a natureza desde sempre, cujo conceito de convivência com o meio ambiente é diferente do nosso”.

Trajetória

A Sociedade do Bem Viver mantém ativas as Comunidades Agroecológicas que conectam moradores da cidade aos produtores do campo. Em Brasília e em Santa Catarina, elas existem desde 2019. Por elas, qualquer pessoa pode se associar a agricultores familiares em assentamentos e territórios indígenas contribuindo com uma cota mensal e recebendo cestas semanais com produtos orgânicos. As comunidades agroecológicas e o mutirão se complementam e pretendem garantir soberania do campo, autonomia dos povos, segurança alimentar e nutricional de comunidades, regeneração de florestas e produção de alimentos saudáveis.

Para participar:

Financiamento online: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/mutirao-do-bem-‘’viver-em-resposta-a-pandemia
Voluntários: http://bit.ly/MutiraoBVVoluntarios
Territórios: http://bit.ly/MutiraoBVTerritorios
Agricultores: http://bit.ly/MutiraoBVAgricultores
Outras informações:
www.instagram.com/sociedadedobemviver
www.facebook.com/sociedadedobemviver
www.linktree.com.br/MBV

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